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Inglaterra poderá fazer vinho "francês" em 2080
Aquecimento torna parte do país melhor para uva
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento da temperatura
do verão pode repercutir negativamente em algumas partes
do sul da Inglaterra, que ficarão
quentes demais em 2080 para
produzir a variedade de uva para vinhos que o país cultiva hoje. Com o aquecimento global,
porém, os ingleses poderão cultivar uvas merlot e cabernet
sauvignon, hoje só plantadas
em lugares de clima compatível
com o do sul da França.
A estimativa foi divulgada em
razão do lançamento do livro
"The Winelands of Britain
-past, present and prospective", do cientista Richard Selley,
do Imperial College de Londres. O pesquisador afirma que
se a média de temperatura do
verão continuar a subir como o
previsto, regiões como o vale do
Tâmisa, parte de Hampshire e o
vale do Severn -que hoje contém muitos vinhedos- ficarão
quentes demais para manter a
produção de vinho dentro dos
próximos 75 anos.
Por outro lado, o professor
diz que essa terra poderia servir
para o cultivo de passas, por
exemplo, hoje só é cultivada em
climas quentes como do norte
da África e do Oriente Médio.
Ele afirma ainda que em razão das mudanças climáticas,
de acordo com as previsões do
Met Office (serviço meteorológico britânico), o merlot e o cabernet sauvignon poderão ser
produzidos em 2080 em outras
áreas do Reino Unido, como
Yorkshire e Lancashire.
Nos últimos cem anos, uma
variedade de uva germânica de
clima frio tem sido plantada em
terras britânicas para produzir
vinhos como o riesling. Nos últimos 20 anos, algumas variedades de clima intermediário
da França foram plantadas com
sucesso no Sudeste da Inglaterra, produzindo um bom vinho
branco espumante, fabricado a
partir de três uvas diferentes.
Vinho escocês
Combinando previsões de
temperatura do IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e do Met
Office com sua própria pesquisa sobre vinhedos ingleses ao
longo da história, Selley afirma
que as variedades de climas
frios e intermediários de uva
serão confinadas ao extremo
norte da Inglaterra, à Escócia e
ao País de Gales em 2080, enquanto as variedades de clima
"quente moderado" e "quente"
poderão existir no região central e no sul da Inglaterra.
"Uvas que atualmente prosperam no sudeste da Inglaterra
podem ser limitadas às mais
frias encostas", afirma.
Para o pesquisador Brian
Hoskins, diretor do Instituto
Grantham de Mudança Climática, do Imperial College, a investigação mostra como o ambiente no Reino Unido poderia
ser afetado pelas alterações climáticas em um período de tempo relativamente curto. "Aumentos de temperatura ao longo deste século poderiam ter
um efeito dramático sobre o
que pode ser cultivado aqui, incluindo a uva", afirmou.
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