São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008

Texto Anterior | Índice

Inglaterra poderá fazer vinho "francês" em 2080

Aquecimento torna parte do país melhor para uva

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da temperatura do verão pode repercutir negativamente em algumas partes do sul da Inglaterra, que ficarão quentes demais em 2080 para produzir a variedade de uva para vinhos que o país cultiva hoje. Com o aquecimento global, porém, os ingleses poderão cultivar uvas merlot e cabernet sauvignon, hoje só plantadas em lugares de clima compatível com o do sul da França.
A estimativa foi divulgada em razão do lançamento do livro "The Winelands of Britain -past, present and prospective", do cientista Richard Selley, do Imperial College de Londres. O pesquisador afirma que se a média de temperatura do verão continuar a subir como o previsto, regiões como o vale do Tâmisa, parte de Hampshire e o vale do Severn -que hoje contém muitos vinhedos- ficarão quentes demais para manter a produção de vinho dentro dos próximos 75 anos.
Por outro lado, o professor diz que essa terra poderia servir para o cultivo de passas, por exemplo, hoje só é cultivada em climas quentes como do norte da África e do Oriente Médio.
Ele afirma ainda que em razão das mudanças climáticas, de acordo com as previsões do Met Office (serviço meteorológico britânico), o merlot e o cabernet sauvignon poderão ser produzidos em 2080 em outras áreas do Reino Unido, como Yorkshire e Lancashire.
Nos últimos cem anos, uma variedade de uva germânica de clima frio tem sido plantada em terras britânicas para produzir vinhos como o riesling. Nos últimos 20 anos, algumas variedades de clima intermediário da França foram plantadas com sucesso no Sudeste da Inglaterra, produzindo um bom vinho branco espumante, fabricado a partir de três uvas diferentes.

Vinho escocês
Combinando previsões de temperatura do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e do Met Office com sua própria pesquisa sobre vinhedos ingleses ao longo da história, Selley afirma que as variedades de climas frios e intermediários de uva serão confinadas ao extremo norte da Inglaterra, à Escócia e ao País de Gales em 2080, enquanto as variedades de clima "quente moderado" e "quente" poderão existir no região central e no sul da Inglaterra.
"Uvas que atualmente prosperam no sudeste da Inglaterra podem ser limitadas às mais frias encostas", afirma.
Para o pesquisador Brian Hoskins, diretor do Instituto Grantham de Mudança Climática, do Imperial College, a investigação mostra como o ambiente no Reino Unido poderia ser afetado pelas alterações climáticas em um período de tempo relativamente curto. "Aumentos de temperatura ao longo deste século poderiam ter um efeito dramático sobre o que pode ser cultivado aqui, incluindo a uva", afirmou.


Texto Anterior: Ouro reabilita droga anti-HIV em teste
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.