|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Se faltaram verbas, não houve aviso, diz Viegas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro José Viegas (Defesa)
disse ontem que, se há relação entre falta de recursos para o programa espacial brasileiro e o incêndio que matou 21 pessoas na
base de Alcântara na sexta-feira,
"ninguém alertou". Ainda assim,
ele considera "injusto" e "precipitado" fazer tal relação.
O ministro atribuiu a responsabilidade de decidir se os recursos
eram suficientes ou não aos responsáveis pelo programa. "Ninguém, sabendo quais eram os recursos disponíveis, alertou para o
fato de que isso pudesse comprometer a segurança do projeto."
Viegas informou que "não havia nenhuma equipe trabalhando
no depósito de combustível, nem
com o combustível, nem com a ignição, nem a equipe de propulsão
estava presente, nem a equipe de
pirotécnica". Ainda de acordo
com ele, "os circuitos elétricos
que alimentam os combustíveis
estavam todos desligados".
Há duas investigações sobre o
acidente - um IPM (Inquérito
Policial Militar), que vai apurar
responsabilidades, e uma comissão que vai apurar as causas do
acidente. O IPM tem prazo de 40
dias para conclusão e é comandado pelo brigadeiro-do-ar José
Monteiro Guimarães.
A comissão que investiga as
causas do acidente tem prazo de
30 dias e é chefiada pelo coronel-aviador Antonio Carlos Cerri.
Questionado sobre a possibilidade de o acidente ter sido causado por sabotagem, o ministro disse que as investigações não podem excluir "cabalmente" nenhuma hipótese, mas que não há indícios de intencionalidade.
"Não estamos dando relevo à
possibilidade de sabotagem", disse o ministro. Viegas também
descartou a hipótese de emissão
de sinais eletromagnéticos "vindos do espaço", que pudessem ter
causado a explosão -uma forma
de sabotagem à distância.
O ministro disse que não havia
indícios de que pudesse ocorrer
um acidente. Segundo ele, "o almoço que antecedeu, por questão
de minutos, a explosão, foi um almoço feito em ambiente de grande confiança e de excitação com a
proximidade do lançamento".
Viegas disse ainda que "acidentes em projetos espaciais são inevitáveis e, infelizmente, são parte
do desenvolvimento das atividades humanas de caráter de vanguarda". Ainda de acordo com
ele, "se Cabral tivesse desistido de
sua viagem porque a nau de Vasco de Athayde soçobrou, o Brasil
não teria sido descoberto".
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou ontem a hipótese de sabotagem na base de lançamento de Alcântara (MA) e criticou a falta de investimentos no programa espacial brasileiro. ""Esse é um setor
que o Brasil não pode ficar achando que é uma atividade de segunda classe", disse.
Texto Anterior: Foguete demorará a ganhar confiabilidade Próximo Texto: Lula diz que programa espacial vai continuar Índice
|