UOL


São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Se faltaram verbas, não houve aviso, diz Viegas

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Viegas (Defesa) disse ontem que, se há relação entre falta de recursos para o programa espacial brasileiro e o incêndio que matou 21 pessoas na base de Alcântara na sexta-feira, "ninguém alertou". Ainda assim, ele considera "injusto" e "precipitado" fazer tal relação.
O ministro atribuiu a responsabilidade de decidir se os recursos eram suficientes ou não aos responsáveis pelo programa. "Ninguém, sabendo quais eram os recursos disponíveis, alertou para o fato de que isso pudesse comprometer a segurança do projeto."
Viegas informou que "não havia nenhuma equipe trabalhando no depósito de combustível, nem com o combustível, nem com a ignição, nem a equipe de propulsão estava presente, nem a equipe de pirotécnica". Ainda de acordo com ele, "os circuitos elétricos que alimentam os combustíveis estavam todos desligados".
Há duas investigações sobre o acidente - um IPM (Inquérito Policial Militar), que vai apurar responsabilidades, e uma comissão que vai apurar as causas do acidente. O IPM tem prazo de 40 dias para conclusão e é comandado pelo brigadeiro-do-ar José Monteiro Guimarães.
A comissão que investiga as causas do acidente tem prazo de 30 dias e é chefiada pelo coronel-aviador Antonio Carlos Cerri.
Questionado sobre a possibilidade de o acidente ter sido causado por sabotagem, o ministro disse que as investigações não podem excluir "cabalmente" nenhuma hipótese, mas que não há indícios de intencionalidade.
"Não estamos dando relevo à possibilidade de sabotagem", disse o ministro. Viegas também descartou a hipótese de emissão de sinais eletromagnéticos "vindos do espaço", que pudessem ter causado a explosão -uma forma de sabotagem à distância.
O ministro disse que não havia indícios de que pudesse ocorrer um acidente. Segundo ele, "o almoço que antecedeu, por questão de minutos, a explosão, foi um almoço feito em ambiente de grande confiança e de excitação com a proximidade do lançamento".
Viegas disse ainda que "acidentes em projetos espaciais são inevitáveis e, infelizmente, são parte do desenvolvimento das atividades humanas de caráter de vanguarda". Ainda de acordo com ele, "se Cabral tivesse desistido de sua viagem porque a nau de Vasco de Athayde soçobrou, o Brasil não teria sido descoberto".
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou ontem a hipótese de sabotagem na base de lançamento de Alcântara (MA) e criticou a falta de investimentos no programa espacial brasileiro. ""Esse é um setor que o Brasil não pode ficar achando que é uma atividade de segunda classe", disse.


Texto Anterior: Foguete demorará a ganhar confiabilidade
Próximo Texto: Lula diz que programa espacial vai continuar
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.