|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEUROLOGIA
Casos raros da doença puderam ser tratados
Revista aponta elo entre HIV e tipo de esclerose lateral amiotrófica
DAN FERBER
DA "SCIENCE NOW"
O vírus da Aids pode causar
uma versão da esclerose lateral
amiotrófica, que poderia ser tratada eficazmente com drogas anti-retrovirais, segundo dois estudos publicados na revista "Neurology" (www.neurology.org).
As pesquisas reforçam a idéia de
que a doença tenha origem viral.
À medida que os portadores de
esclerose lateral amiotrófica
adoecem, seus neurônios motores se degeneram, provocando a
atrofia de músculos por todo o
corpo. Após décadas de pesquisa,
não está ainda claro qual seria a
causa da morte dos neurônios.
Há muito os pesquisadores suspeitam de um vírus, mas as evidências nessa direção eram apenas circunstanciais.
Para descobrir se o HIV estava
relacionado, o neurologista Antoine Moulignier, do Hospital
Rothschild de Paris, examinou registros de 1.700 pacientes com
HIV ou com sintomas neurológicos atendidos no hospital.
O pesquisador identificou seis
pacientes HIV-positivos que haviam desenvolvido sintomas da
esclerose lateral amiotrófica, uma
incidência 27 vezes mais alta que a
média da população. Nesses novos casos, a síndrome se desenvolvia de modo muito mais veloz
que em sua forma ordinária, em
semanas ou meses.O pesquisador
testou amostras de tecidos para
excluir outras causas de degeneração neural, tais como herpes, citomegalovírus e sífilis. Embora a
esclerose lateral amiotrófica ordinária seja irreversível, dois dos
pacientes com a nova síndrome se
recuperaram depois de drogas
anti-retrovirais (coquetel) conterem o vírus HIV.
Em artigo separado, o neurologista Daniel MacGowan, do Centro Médico Beth Israel, em Nova
York, relata caso similar: uma
mulher de 32 anos que desenvolveu rapidamente sintomas da esclerose lateral amiotrófica e testou
positivamente para o HIV.
A mulher estava confinada ao
leito, alimentava-se por tubos e
era incapaz de falar. Recuperou-se inteiramente, porém, após um
ano de tratamento com três drogas anti-retrovirais, que baixaram
o HIV a níveis indetectáveis.
O caso de Nova York foi considerado "meio revolucionário,
porque a maioria das síndromes
de esclerose lateral amiotrófica
não melhora", diz o neurologista
Lewis Rowland, da Universidade
Columbia (EUA).
Para ele, os artigos publicados
levantam a questão sobre se a
própria esclerose lateral amiotrófica seria causada por alguma infecção viral persistente.
Texto Anterior: Astronomia: Sonda realiza vôo "rasante" sobre cometa Próximo Texto: Panorâmica - Biodiversidade: Biólogos lançam livro sobre flora paulista Índice
|