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GEOCIÊNCIA
Gelo cobria toda a Terra
Pesquisa da UnB data "renascimento" da vida
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Átomos de carbono aprisionados em rochas deram a pesquisadores da UnB (Universidade de
Brasília) os dados que faltavam
para estimar quando a vida voltou a florescer na Terra há 600 milhões de anos, depois de períodos
glaciais que encheram o planeta
de gelo até o Equador.
A pesquisa, coordenada por
Carlos Souza de Alvarenga, do
Instituto de Geociências da universidade, obteve dados detalhados sobre as mudanças climáticas
do Neoproterozóico, período no
qual o planeta esteve sujeito a variações bruscas de temperatura.
Alvarenga e seus colaboradores
analisaram as rochas calcárias das
bacias Bambuí Paraguai, nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul. As idades das rochas estavam entre 750 milhões e 500 milhões de anos.
Houve nessa época dois grandes períodos glaciais, com cerca
de 10 milhões de anos. "Queríamos encontrar registros desses
períodos no Brasil", afirma Alvarenga. Para isso, os pesquisadores
mediram isótopos (variantes de
um tipo de átomo) como o carbono-12 e o carbono-13.
Essa dupla é especialmente reveladora porque os seres vivos
têm uma preferência pela absorção do carbono-12, enquanto o
carbono-13 tende a assumir forma mineral. Se, por outro lado, as
rochas estiverem repletas de carbono-12, é sinal de que não existiam muitos seres vivos nas redondezas para empregá-lo em
seus processos metabólicos.
Medindo os níveis desses e de
outros isótopos, os pesquisadores
notaram um pico de carbono-12
há 750 milhões de anos e outro há
600 milhões de anos -marcas
dos períodos de frio intenso. Os
dados confirmam observações
em outras partes do globo e sugerem que a vida só floresceu depois
desses episódios glaciais.
(REINALDO JOSÉ LOPES)
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