São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 2002

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Thabo Mbeki denuncia o "apartheid global"

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, abriu ontem em Johannesburgo a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10) pregando contra o "apartheid global" e o darwinismo econômico.
Insistindo em focar seu discurso na miséria, um dos temas principais -mas não o único- da conferência, Mbeki afirmou que "uma sociedade global humana baseada em pobreza para muitos e prosperidade para poucos, caracterizada por ilhas de riqueza rodeadas por um mar de pobreza, é insustentável".
Subindo o tom em relação às falas otimistas de Nitin Desai, secretário-geral da cúpula, Mbeki disse: "Nós não aceitamos que a sociedade humana seja construída na base do princípio selvagem da sobrevivência do mais apto".
Após um certo esvaziamento na abertura do Fórum Global, o encontro da sociedade civil iniciado no sábado, delegados de 189 países finalmente deram o ar da graça na metrópole sul-africana. Cerca de 64 mil pessoas foram contabilizadas ontem pela organização da cúpula. As plenárias no Sandton Centre, centro de convenções no subúrbio rico de Sandton, que abriga a Rio +10, ficaram lotadas.
A conferência, que vem sendo há muito cercada de pessimismo, começou ontem com uma urgência: aplainar o caminho para a chegada dos chefes de Estado no final de semana. Eles deverão produzir uma declaração política que reafirme o compromisso do planeta com os princípios da Agenda 21, o documento rumo à sustentabilidade produzido pela Eco-92, no Rio de Janeiro, há dez anos.
Alguns líderes do continente já estão em Johannesburgo. É o caso de Muammar Gaddafi, da Líbia, que chegou com sua comitiva em três aviões. A principal ausência prevista é a do norte-americano George W. Bush, líder do maior poluidor do planeta, que se recusou a comparecer ao encontro ambiental na África do Sul.
Antes da chegada deles, quem chamava atenção fora das salas de conferência do Sandton são personagens como músicos zulus vestidos a caráter, mas portando telefones celulares, índios acreanos de cocar e jaqueta e jovens alemães propagandeando a mais sedutora das tecnologias limpas: um BMW último tipo movido a combustão de hidrogênio.
A máquina, que queima hidrogênio no motor -e que, portanto, não emite dióxido de carbono para a atmosfera- só vai ser lançada em 2006. Mas a fábrica alemã não perdeu a oportunidade de anunciá-lo desde já como uma solução (de luxo) para o problema do efeito estufa. (EC e CA)


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