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Solenidade cívico-militar às 10h de hoje homenageia os 21 mortos no acidente com foguete na base de Alcântara (MA)
Presidente vai a cerimônia em São José
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
Uma cerimônia cívico-militar
em homenagem aos 21 mortos no
acidente com o foguete VLS-1 em
Alcântara (MA) acontece hoje, a
partir das 10h, no ginásio de esportes do CTA (Centro Técnico
Aeroespacial), em São José dos
Campos (96 km de São Paulo).
A solenidade contará com a presença do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, do ministro da Defesa, José Viegas, e do governador
do Estado de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB). Até as 18h, o
ministro da Ciência e Tecnologia,
Roberto Amaral, e o presidente da
AEB (Agência Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, não tinham
confirmado presença na solenidade, segundo a assessoria de comunicação do CTA.
Também não havia uma previsão exata de horário para a chegada dos corpos à cidade. Segundo o
Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica), isso
deveria ocorrer durante a madrugada ou pela manhã.
Acesso restrito
Devido ao pequeno espaço do
ginásio, local onde acontecerá a
cerimônia, o CTA estava distribuindo ontem às famílias de cada
uma das vítimas dez convites para
o acesso ao local da homenagem.
Segundo Angelo Ananias, cunhado de uma das vítimas -o
técnico eletrônico Sidney Aparecido de Moraes-, a família foi
avisada sobre a chegada dos corpos no final da tarde, por telefone.
Segundo Ananias, o CTA já havia
dito aos familiares no domingo
que o acesso seria restrito.
Com isso, a família já havia decidido quem iria à cerimônia: "Participarão apenas os cinco irmãos,
com as mulheres, além dos pais,
mulher e filhos de Sidney".
Depois da solenidade, que deve
durar cerca de uma hora, cada família levará o corpo de seu parente para a realização do velório e
sepultamento no local escolhido.
Os corpos devem chegar a São
José em um avião da FAB (Força
Aérea Brasileira) que irá pousar
no aeroporto da cidade.
Identificação das vítimas
O CTA enviou ontem ao IML
(Instituto Médico Legal) de São
Luís (MA) um médico legista que
levava documentos para auxiliar
na confirmação da identidade de
cada um dos corpos e agilizar a liberação. O IML decidiu reter 5
dos 21 corpos de funcionários do
CTA mortos no incêndio da última sexta-feira no Centro de Lançamento de Alcântara.
O diretor do IML, Wanderley
Souza, consultou a assessoria jurídica do órgão e decidiu que os
cinco corpos não podem deixar o
instituto sem identificação e atestado de óbito. Enquanto isso não
ocorrer, os corpos ficarão na câmara fria do IML maranhense.
"Lamento estar prolongando a
dor das famílias, mas, legalmente,
elas não podem nem velar um
corpo assim [sem atestado de óbito]", disse Souza, que tomou a
medida com a concordância da
Aeronáutica.
Os cinco corpos não puderam
ser identificados por falta de estrutura no IML maranhense para
exames de DNA. Souza pediu ajuda, por telefone, ao laboratório de
DNA do Instituto de Criminalística de São Paulo. Os outros 16 corpos foram identificados por exames de arcada dentária.
O piloto comercial Luís Cláudio
Almeida, irmão de um dos mortos que faz o papel de porta-voz
das famílias das vítimas no IML
maranhense, lamentou que a Aeronáutica não tenha fichas organizadas e completas de funcionários que exerciam trabalho de tão
extremo risco, com, por exemplo,
chapas panorâmicas de raios X da
arcada dentária. Também disse
que os funcionários não usavam
plaquetas de identificação no pescoço -como ocorre com soldados e pilotos de vôos comerciais.
A demora em obter as fichas
odontológicas das vítimas foi um
dos motivos do atraso da identificação dos corpos. O dentista de
um dos mortos, por exemplo, teve
de ser procurado no Japão.
Antonio Carlos Cerri, presidente da comissão de investigação,
disse que "[as famílias] precisam
de um corpo para velar. Enquanto
isso não acontece, a preocupação
é muito grande".
Fotos da perícia
O diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, José Ribamar Cruz Ribeiro, 57, recebeu
ontem as fotografias da perícia
técnica tiradas a partir das 16h45
de sexta-feira (o acidente ocorreu
por volta das 13h30). As imagens
mostram toneladas de ferro retorcido e corpos carbonizados, sem
roupa nem sapatos.
Pelo menos um corpo teve o
crânio destruído pela alta temperatura, que teria atingido entre
2.000C e 3.000C (metade da
temperatura externa do Sol).
Cerca de 30 jornalistas foram
autorizados a entrar na área do
acidente anteontem. Os destroços
só puderam ser vistos a uma distância segura de 30 metros.
Quando os jornalistas chegaram ao local, um grupo de funcionários do CTA trabalhava na perícia dentro da estrutura metálica,
indicando que o risco de novos
incêndios ou explosões já estava
descartado. Não havia focos de
incêndio nem de fumaça nos destroços ou no mato em volta. A 53
metros da torre, escapou ilesa
uma casa de apoio, onde estavam
20 pessoas na hora do acidente.
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