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UFRJ vai usar célula-tronco contra asma
Grupo do Rio de Janeiro testará estratégia em 10 pacientes humanos, após bons resultados com camundongos
Dados preliminares são
positivos também para
teste clínico envolvendo
silicose, outra doença
das vias respiratórias
GIULIANA MIRANDA
ENVIADA A ÁGUAS DE LINDOIA (SP)
Cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) desenvolveram um
método para regenerar o pulmão de pacientes com asma
-doença respiratória que
mata oito brasileiros por
dia- usando células-tronco
obtidas da medula óssea.
O anúncio dos testes clínicos da abordagem foi feito na
25ª reunião anual da Fesbe
(Federação de Sociedades de
Biologia Experimental), em
Águas de Lindoia (SP).
A técnica foi testada com
sucesso em camundongos, e
as primeiras experiências
com pacientes devem começar daqui a poucos meses.
O projeto aguarda apenas
a liberação do Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), órgão do governo federal que autoriza pesquisas
com humanos no país.
"A asma é uma doença relativamente comum e, por isso, costuma ser subestimada. Infelizmente, ela ainda é
causa de muitas mortes",
afirmou Patrícia Rocco, médica e professora do Instituto
de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ.
RECONSTRUÇÃO
Uma das características
dos casos de asma grave é a
diminuição das células mucosas e ciliadas do pulmão, o
que contribui para a redução
da capacidade respiratória.
As células-tronco do teste
-injetadas no pulmão por
meio da traqueia- conseguiram reconstruir com sucesso
essas células. Aparentemente, tais células-tronco tanto
podem produzir substâncias
que facilitam essa regeneração quanto, em alguns casos,
assumir o papel das células
que tinham sumido.
O método também aumentou a capacidade de resistência dos roedores testados,
mesmo em situações em que
as cobaias foram expostas a
substâncias que fazem as
vias respiratórias fecharem.
O mesmo grupo de cientistas já tinha conseguido reconstruir o tecido pulmonar
em outras doenças: o enfisema e a síndrome do desconforto respiratório agudo.
As pesquisas com a silicose -inflamação pulmonar
causada pela inalação de pó
de sílica- estão num estágio
mais avançado e já demonstraram os primeiros resultados em seres humanos.
Os testes brasileiros, os
primeiros a usar esse tipo de
terapia contra a doença, começaram no ano passado.
Todos os cinco pacientes tiveram melhora significativa
na capacidade respiratória.
ESTEIRA
Na avaliação da caminhada na esteira, todos os voluntários conseguiram melhorar
o seu desempenho.
"Os tratamentos funcionaram muito bem, mas, pelo
número pequeno de pessoas,
ainda não temos a comprovação estatística. Estamos
confiantes e achamos que isso virá em breve", disse Marcelo Morales, da UFRJ, um
dos responsáveis pela coordenação do estudo.
Apesar das respostas positivas, os pesquisadores dizem que a terapia não deve
chegar ao público em menos
de cinco anos.
"Estamos sendo muito cuidadosos e avaliando as implicações do tratamento em
todo o corpo, e não apenas
no pulmão. Queremos ter
certeza absoluta antes de
avançar", afirmou Morales.
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