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POLÍTICA CIENTÍFICA
Produção se restringe a poucos centros
Aumenta abismo entre pesquisa e inovação no Brasil, diz documento
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A ciência produzida no Brasil
tem aumentado continuamente
em quantidade e qualidade, mas a
produção de tecnologia não só
não tem acompanhado esse ritmo
como proporcionalmente piorou.
Essas são algumas das análises
do simpósio "Ciência no Brasil",
realizado durante a 27ª assembléia geral do ICSU (Conselho Internacional para a Ciência), no
Rio de Janeiro.
Hernan Chaimovich, do Instituto de Química da Universidade
de São Paulo, revelou que os pesquisadores brasileiros têm publicado muito mais artigos científicos do que registrado patentes.
Em 1980 eram produzidos 78
artigos em revistas internacionalmente indexadas para cada patente. Na Coréia do Sul o índice
era menor, 28,5. Enquanto os sul-coreanos conseguiram chegar em
1999 a 3,43 artigos por patente, a
comunidade científico-tecnológica do Brasil aumentou a proporção, para 104 artigos por patente.
As áreas que tiveram maior
crescimento nos últimos 20 anos
foram engenharia (8,5 vezes mais
artigos) e medicina (7,6 vezes).
Mas a ciência brasileira continua altamente concentrada na região sudeste. "Nos EUA, nenhuma universidade chega a ter 1,5%
do total das publicações. Mas, no
Brasil, só a USP tem 25%", afirmou Chaimovich.
A expansão da atividade científica vai depender de melhorias na
educação básica e de aumento da
população com acesso a cursos
superiores, dizem os participantes do simpósio. Chaimovich
lembrou que no Brasil só 10% dos
jovens de 17 a 24 anos frequentam
cursos superiores, contra até 60%
nos países desenvolvidos.
O Ministério da Ciência e Tecnologia tem tentado reverter o desequilíbrio, transformando a Finep (Financiadora de Estudos e
Projetos) em uma agência dedicada a promover a inovação.
Ontem, o ministro Ronaldo Sardenberg presidiu em Brasília a
entrega do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, durante a qual
anunciou a publicação de portarias que facilitam o financiamento de projetos de inovação que usem o Fundo Verde-Amarelo, fundo setorial para a inovação.
Quatro empresas (Petrobras, Tigre, Brapenta e Embraco) e um instituto de pesquisas (o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em São Paulo) receberam o prêmio.
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