São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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POLÍTICA CIENTÍFICA

Produção se restringe a poucos centros

Aumenta abismo entre pesquisa e inovação no Brasil, diz documento

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A ciência produzida no Brasil tem aumentado continuamente em quantidade e qualidade, mas a produção de tecnologia não só não tem acompanhado esse ritmo como proporcionalmente piorou.
Essas são algumas das análises do simpósio "Ciência no Brasil", realizado durante a 27ª assembléia geral do ICSU (Conselho Internacional para a Ciência), no Rio de Janeiro.
Hernan Chaimovich, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, revelou que os pesquisadores brasileiros têm publicado muito mais artigos científicos do que registrado patentes.
Em 1980 eram produzidos 78 artigos em revistas internacionalmente indexadas para cada patente. Na Coréia do Sul o índice era menor, 28,5. Enquanto os sul-coreanos conseguiram chegar em 1999 a 3,43 artigos por patente, a comunidade científico-tecnológica do Brasil aumentou a proporção, para 104 artigos por patente.
As áreas que tiveram maior crescimento nos últimos 20 anos foram engenharia (8,5 vezes mais artigos) e medicina (7,6 vezes).
Mas a ciência brasileira continua altamente concentrada na região sudeste. "Nos EUA, nenhuma universidade chega a ter 1,5% do total das publicações. Mas, no Brasil, só a USP tem 25%", afirmou Chaimovich.
A expansão da atividade científica vai depender de melhorias na educação básica e de aumento da população com acesso a cursos superiores, dizem os participantes do simpósio. Chaimovich lembrou que no Brasil só 10% dos jovens de 17 a 24 anos frequentam cursos superiores, contra até 60% nos países desenvolvidos.
O Ministério da Ciência e Tecnologia tem tentado reverter o desequilíbrio, transformando a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) em uma agência dedicada a promover a inovação.
Ontem, o ministro Ronaldo Sardenberg presidiu em Brasília a entrega do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, durante a qual anunciou a publicação de portarias que facilitam o financiamento de projetos de inovação que usem o Fundo Verde-Amarelo, fundo setorial para a inovação.
Quatro empresas (Petrobras, Tigre, Brapenta e Embraco) e um instituto de pesquisas (o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em São Paulo) receberam o prêmio.


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