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ENERGIA NUCLEAR
Segundo relatório do Tribunal de Contas, faltam recursos humanos e materiais para o controle no país
Rejeitos radioativos não são fiscalizados
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CNEN (Comissão Nacional
de Energia Nuclear) tem dificuldade de cumprir o plano anual de
inspeções em instalações radioativas, gerencia precariamente os
depósitos de rejeitos radioativos e
não consegue fiscalizar com eficiência. A conclusão é do TCU
(Tribunal de Contas da União),
que fez inspeção na CNEN em outubro do ano passado.
De acordo com o TCU, os problemas da CNEN se devem à "carência de recursos humanos e
materiais". Além disso, a estrutura do órgão dificultaria sua coordenação com os órgãos de vigilância sanitária, que têm poder de
polícia. Assim, a estrutura de fiscalização estaria comprometida.
O relatório do ministro Adylson
Motta foi submetido ao plenário
do TCU no último dia 5. Foram
feitas 17 recomendações à CNEN,
como o cruzamento de dados de
usuários de material radioativo
com outros órgãos do governo.
A CNEN deverá também pedir
às agências de fomento à pesquisa
que só liberem material radioativo com sua permissão. A periodicidade das inspeções em instalações radioativas ainda será fixada.
O tempo entre uma inspeção e
outra em uma instalação radioativa que tenha sido suspensa terá de
ser reduzido, mesmo que para isso a CNEN tenha de fazer convênios com outros órgãos do governo. O TCU recomenda que se façam convênios com a Vigilância
Sanitária, para treinamento e
ações de fiscalização conjunta.
O controle sobre o nível de ocupação dos depósitos de lixo radioativo deverá ser aprimorado e
o lixo será classificado como "tratado" ou "não-tratado".
A CNEN deverá estabelecer
uma "rotina de comunicação" para que possa identificar, imediatamente, o proprietário de material
radioativo. As metas de fiscalização deverão ser aperfeiçoadas.
Responsabilidade
O TCU lembra que a utilização
de energia nuclear representa
"graves riscos para o ambiente".
O tribunal afirma que a União é
responsável até mesmo por danos
causados por particulares nos acidentes com materiais radioativos.
Esse tipo de acidente, de acordo
com o TCU, pode causar "impactos para o Erário", além de "graves implicações para a população
e para o ambiente".
Em maio do ano passado, o
Congresso aprovou projeto de lei
regulamentando a criação de depósitos de lixo radioativo e determinou que a CNEN é responsável
pela sua administração.
A CNEN já foi responsabilizada
pela Justiça, em primeira instância, pelo acidente com a cápsula
de Césio 137 em Goiânia, em 1987.
A Justiça condenou a CNEN a pagar R$ 1 milhão em indenização
às vítimas, mas o órgão recorreu e
ainda está apelando da sentença.
O que diz a CNEN
O diretor de radioproteção e segurança nuclear da CNEN, Ayrton Caubit, disse que as metas de
fiscalização do órgão estão sendo
cumpridas, desde 1998, segundo
recomendações da Agência Internacional de Energia Nuclear.
Segundo Caubit, mesmo antes
de 98, o nível de segurança das
agências estava sendo monitorado pelo controle das doses de radiação nos empregados. "Se o
empregado está recebendo uma
dose maior, é porque o nível de
radiação está inadequado."
A CNEN já fez convênios com a
Vigilância Sanitária em 12 Estados e pretende enviar projeto de
lei ao Congresso para que seus fiscais também tenham poder de
polícia durante as operações.
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