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BIOLOGIA
Molécula se replica sem RNA
Príons contaminam o organismo, diz estudo
ISABEL GERHARDT
DA REPORTAGEM LOCAL
Cientistas da Universidade da
Califórnia em San Francisco conseguiram mostrar, pela primeira
vez, que os príons (forma alterada
de proteína associada ao mal da
vaca louca) são os responsáveis
pela mudança de formato de proteínas normais, transformando-as em agentes infecciosos.
Vírus, bactérias e fungos (agentes causadores de doenças e infecções) usam moléculas de DNA ou
RNA para se multiplicar dentro
dos organismos. Já os príons fazem cópias deles mesmos sem
ajuda do material genético.
Apesar desse indício, ainda não
havia evidências concretas de que
os príons fossem, eles mesmos, os
agentes infecciosos.
Estudos anteriores já haviam
mostrado que, quando os príons
eram introduzidos em animais ou
em culturas de células, ocorria infecção. Mas, como os príons eram
derivados de animais doentes,
sempre houve o risco de alguma
outra molécula contaminante ser
o agente infeccioso.
O estudo, que está publicado na
revista "Science" de hoje, mostra
como o grupo da Califórnia conseguiu introduzir príons em leveduras (uma espécie de fungo), eliminando a possibilidade de outra
substância contribuir no processo
infeccioso.
Plagiando os vírus
A estratégia para transformar a
levedura com os príons foi inspirada na forma como os vírus injetam o DNA dentro da célula.
Os vírus usam um tipo de cápsula para "empacotar" o DNA, capaz de perfurar a membrana celular. Os pesquisadores também
"empacotaram" os príons em esferas sintéticas -os lipossomos.
Essas esferas continham uma
pequena molécula que abria um
poro na levedura, permitindo a
entrada dos príons na célula.
"Usamos uma substância fluorescente para seguir o caminho
dos príons dentro do fungo", disse à Folha Francis Szoka, um dos
autores do estudo.
A equipe observou que os
príons (que, nesse caso, eram formas alteradas de uma proteína da
levedura) induziram as proteínas
normais a adotar a sua conformação "defeituosa".
Os pesquisadores constataram
que, após divisão celular, as novas
células também continham moléculas de príons.
No Reino Unido, a infecção pelo
príon que causa a versão "humana" do mal da vaca louca -a encefalite espongiforme- atinge 1
em cada 1 milhão de pessoas.
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