São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2000


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BIOLOGIA
Molécula se replica sem RNA
Príons contaminam o organismo, diz estudo

ISABEL GERHARDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Cientistas da Universidade da Califórnia em San Francisco conseguiram mostrar, pela primeira vez, que os príons (forma alterada de proteína associada ao mal da vaca louca) são os responsáveis pela mudança de formato de proteínas normais, transformando-as em agentes infecciosos.
Vírus, bactérias e fungos (agentes causadores de doenças e infecções) usam moléculas de DNA ou RNA para se multiplicar dentro dos organismos. Já os príons fazem cópias deles mesmos sem ajuda do material genético.
Apesar desse indício, ainda não havia evidências concretas de que os príons fossem, eles mesmos, os agentes infecciosos.
Estudos anteriores já haviam mostrado que, quando os príons eram introduzidos em animais ou em culturas de células, ocorria infecção. Mas, como os príons eram derivados de animais doentes, sempre houve o risco de alguma outra molécula contaminante ser o agente infeccioso.
O estudo, que está publicado na revista "Science" de hoje, mostra como o grupo da Califórnia conseguiu introduzir príons em leveduras (uma espécie de fungo), eliminando a possibilidade de outra substância contribuir no processo infeccioso.

Plagiando os vírus
A estratégia para transformar a levedura com os príons foi inspirada na forma como os vírus injetam o DNA dentro da célula.
Os vírus usam um tipo de cápsula para "empacotar" o DNA, capaz de perfurar a membrana celular. Os pesquisadores também "empacotaram" os príons em esferas sintéticas -os lipossomos.
Essas esferas continham uma pequena molécula que abria um poro na levedura, permitindo a entrada dos príons na célula.
"Usamos uma substância fluorescente para seguir o caminho dos príons dentro do fungo", disse à Folha Francis Szoka, um dos autores do estudo.
A equipe observou que os príons (que, nesse caso, eram formas alteradas de uma proteína da levedura) induziram as proteínas normais a adotar a sua conformação "defeituosa".
Os pesquisadores constataram que, após divisão celular, as novas células também continham moléculas de príons.
No Reino Unido, a infecção pelo príon que causa a versão "humana" do mal da vaca louca -a encefalite espongiforme- atinge 1 em cada 1 milhão de pessoas.


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