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AMBIENTE
O fogo que atinge reserva de Poço das Antas, principal refúgio dos micos-leões dourados, já queima desde sábado
Ibama perde controle de incêndio no Rio
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
O Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) perdeu o
controle sobre o incêndio na Reserva Biológica de Poço das Antas
(Silva Jardim, cidade a 110 km do
Rio). O fogo, que começou na tarde de sábado, já destruiu 1.130
hectares da reserva -onde há 250
micos-leões dourados, espécie
ameaçada de extinção.
"Como o fogo caiu na turfa
[matéria orgânica em decomposição", chegando a um metro de
profundidade, ele pode durar meses. Só será controlado totalmente
com chuvas torrenciais. Fui por
20 anos diretor da reserva e vi
muitos incêndios, mas nenhuma
destruição como esta", disse o
chefe da Divisão Técnica do Ibama no Rio, Dionísio Terssamilio.
Ontem, técnicos da reserva utilizaram um helicóptero da Marinha para ajudar na contenção do
fogo. O helicóptero despejava
água sobre os focos e transportava pessoal até os pontos onde o
incêndio se propagava. O trabalho dos 70 bombeiros foi ajudado
por uma chuva fraca que caiu na
manhã de ontem na região.
Segundo Terssamilio, o Ibama
analisa a possibilidade de manter
uma brigada de bombeiros na reserva, até que tenha certeza de que
não há mais focos em atividade.
"Como a floresta está queimando por baixo, muitas vezes não se
consegue identificar o foco.
Quando o fogo chega à superfície,
ele se alastra com rapidez, chegando a mais de 50 km/h", disse.
Quando o fogo é subterrâneo,
de acordo com o Ibama, a base
das árvores é destruída e elas ficam sem sustentação, o que equivale a um desmatamento.
Terssamilio disse que a preocupação com os animais que vivem
na reserva é grande, principalmente porque há espécies em extinção. Além do mico-leão dourado, são típicos da área a onça-parda, a jaguatirica e o jacaré-de-papo-amarelo.
Ele afirmou que a área destruída
era nova, uma vegetação de médio porte que havia sido reflorestada há alguns anos e que serviria
de habitat para novas famílias
desses animais. "Esse desmatamento diminui a vida útil do animal, pois ele fica mais sujeito à
predação", disse.
Terssamilio acrescentou que,
quando não houver mais focos, o
Ibama formará uma comissão,
com o Corpo de Bombeiros e a PF
(Polícia Federal), para investigar
as causas do fogo.
Segundo o Ibama, cerca de R$
7.000 estão sendo pedidos ao Ministério do Meio Ambiente para
repor o material usado até agora.
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