São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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AMBIENTE

O fogo que atinge reserva de Poço das Antas, principal refúgio dos micos-leões dourados, já queima desde sábado

Ibama perde controle de incêndio no Rio

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) perdeu o controle sobre o incêndio na Reserva Biológica de Poço das Antas (Silva Jardim, cidade a 110 km do Rio). O fogo, que começou na tarde de sábado, já destruiu 1.130 hectares da reserva -onde há 250 micos-leões dourados, espécie ameaçada de extinção.
"Como o fogo caiu na turfa [matéria orgânica em decomposição", chegando a um metro de profundidade, ele pode durar meses. Só será controlado totalmente com chuvas torrenciais. Fui por 20 anos diretor da reserva e vi muitos incêndios, mas nenhuma destruição como esta", disse o chefe da Divisão Técnica do Ibama no Rio, Dionísio Terssamilio.
Ontem, técnicos da reserva utilizaram um helicóptero da Marinha para ajudar na contenção do fogo. O helicóptero despejava água sobre os focos e transportava pessoal até os pontos onde o incêndio se propagava. O trabalho dos 70 bombeiros foi ajudado por uma chuva fraca que caiu na manhã de ontem na região.
Segundo Terssamilio, o Ibama analisa a possibilidade de manter uma brigada de bombeiros na reserva, até que tenha certeza de que não há mais focos em atividade.
"Como a floresta está queimando por baixo, muitas vezes não se consegue identificar o foco. Quando o fogo chega à superfície, ele se alastra com rapidez, chegando a mais de 50 km/h", disse.
Quando o fogo é subterrâneo, de acordo com o Ibama, a base das árvores é destruída e elas ficam sem sustentação, o que equivale a um desmatamento.
Terssamilio disse que a preocupação com os animais que vivem na reserva é grande, principalmente porque há espécies em extinção. Além do mico-leão dourado, são típicos da área a onça-parda, a jaguatirica e o jacaré-de-papo-amarelo.
Ele afirmou que a área destruída era nova, uma vegetação de médio porte que havia sido reflorestada há alguns anos e que serviria de habitat para novas famílias desses animais. "Esse desmatamento diminui a vida útil do animal, pois ele fica mais sujeito à predação", disse.
Terssamilio acrescentou que, quando não houver mais focos, o Ibama formará uma comissão, com o Corpo de Bombeiros e a PF (Polícia Federal), para investigar as causas do fogo.
Segundo o Ibama, cerca de R$ 7.000 estão sendo pedidos ao Ministério do Meio Ambiente para repor o material usado até agora.


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