São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PANORÂMICA

ARQUEOLOGIA

Alemães e brasileiros estudam a origem da "terra preta" dos índios amazônicos
Pesquisadores no Brasil e na Alemanha estão tentando resolver o mistério das "terras pretas" amazônicas, manchas de terra fértil criadas por índios da região mil anos atrás.
Essa pesquisa foi dada como exemplo pelo cientista austríaco Winfried Blum de um conhecimento tradicional que a ciência poderia aproveitar ainda hoje. O tema estava em discussão anteontem na 27ª Assembléia Geral do ICSU (Conselho Internacional para a Ciência), no Rio de Janeiro, e havia cientistas que questionavam se a entidade teria "mandato" para se posicionar a respeito.
Os chamados "conhecimentos tradicionais", como os de índios da região amazônica, podem ser importantes, por exemplo, na área de plantas medicinais. O caso da terra preta, diz Blum, é "uma herança de um povo que não existe mais" e um perfeito exemplo de agricultura sustentável adequada à região.
Os trechos dessa terra muito mais fértil têm sido achados há cerca de meio século. Eles variam de algumas dezenas de metros até um hectare de tamanho e se concentram no Pará e no Amazonas. Os cientistas ainda não têm certeza sobre como os antigos índios conseguiam produzir esses terrenos.
"Nossa hipótese de trabalho é que usavam carvão feito de espinhas de peixes", diz Blum, que trabalhou na UFPR (Universidade Federal do Paraná) na década de 70 e no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) nos anos 80.
Pesquisadores no Inpa e na Universidade de Bayreuth (sul da Alemanha) estão testando a terra preta, que se mostrou ser mais rica em fósforo, nitrogênio e potássio do que as terras vermelhas e amarelas, mais típicas da Amazônia. (RICARDO BONALUME NETO, ENVIADO ESPECIAL AO RIO)

Texto Anterior: Ética: "Gênio" tecnológico é demitido por fraude
Próximo Texto: Deusa renascida
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.