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Surge um acordo para comércio e ambiente
DA ENVIADA A JOHANNESBURGO
A Comissão de Meios de Implementação conseguiu flexibilizar o
texto sobre finanças e comércio
em debate na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio +10). Originalmente considerado um "non-paper" (documento extra-oficial), ele já está na
sua quarta versão e prevê "complementariedade" entre interesses comerciais e ambientais.
A nova versão, concluída às 3
horas da madrugada de ontem
(22h da terça-feira em Brasília),
indica um recuo dos EUA na
questão crucial da subordinação
de temas multilaterais mundiais
ao crivo da OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Pelo texto original, atribuído informalmente aos EUA e à União
Européia, essa subordinação era
explícita, o que significava permitir que juízes da OMC analisassem acordos ambientais à luz de
sua cultura e de suas preocupações centrais com o comércio.
O texto que circulava ontem entre as delegações, mais flexível,
trocava subordinação de um a outro por "complementariedade"
entre o sistema internacional de
comércio e os acordos multilaterais na área ambiental.
A mudança foi considerada um
avanço, mas nem o governo brasileiro nem as ONGs estão satisfeitas e mantêm a pressão para inverter a proposta original. Em vez
de submeter os acordos ambientais às leis de mercado, os acordos
comerciais é que deveriam se submeter aos interesses ambientais.
Os diplomatas brasileiros disseram que houve avanços, mas admitiram que as negociações estão
longe de terminar. Continua em
aberto, também, a forma final sobre subsídios nos países ricos e
sobre barreiras tarifárias e não-tarifárias a produtos de países em
desenvolvimento.
Marcelo Furtado, do Greenpeace, suspeita que o "non-paper" tenha sido colocado pelos EUA e pela UE como "um bode na sala": "Houve avanços, sim. Mas, comparando com o texto original discutido em Bali, ainda estamos no prejuízo", disse ele ontem. (EC)
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