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Kyoto alia Greenpeace e indústria
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO
A recusa dos EUA em ratificar o Protocolo de Kyoto ajudou ontem a construir um marco no ambientalismo: uniu, pela primeira vez, o Greenpeace e a ONG empresarial Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável. Inimigos de longa data, fizeram ontem um apelo para que os líderes mundiais reunidos na Rio +10 ponham o acordo contra os gases-estufa em prática.
"Este é um momento histórico", disse para um auditório lotado o
anfitrião da cerimônia, o diretor-geral da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza"), Achim Steiner.
O Greenpeace e o WBCSD, como é conhecido o conselho, estão
em pé de guerra desde a Eco-92.
Durante a conferência do Rio de
Janeiro, a ONG cunhou a expressão "greenwash" (algo como fachada ambiental para esconder
práticas contra o ambiente) num
relatório que denunciava várias
empresas ligadas ao WBCSD.
Durante as negociações do
acordo de Kyoto -que ameaçaram naufragar depois que o presidente George W. Bush tirou o
maior emissor mundial de gases-estufa da mesa-, os adversários
viraram irmãos em armas. Para o
Greenpeace, estava em jogo o futuro do planeta. Para o "greenwash", o fracasso de Kyoto significa perdas futuras nos negócios.
"Continuamos e continuaremos discordando. Algumas vezes
eles vão chamar a polícia. Mas
precisamos encontrar um denominador comum", disse Rémi
Parmentier, do Greenpeace.
O presidente do WBCSD, Bjorn
Stigson, se apressou em esclarecer: "Isso não é uma fusão".
Mesmo assim, ambos pediram
em jogral aos governos (arrancando gargalhadas da platéia)
"que sejam responsáveis e lidem
com o problema da mudança climática dentro de Kyoto".
O ato de ontem, fora do centro
de convenções onde acontecem
os encontros oficiais, serviu também para lembrar que o acordo
internacional contra o efeito estufa deveria entrar em vigor durante
a cúpula de Johannesburgo, o que não acontecerá.
(CA)
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