São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2004

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TECNOLOGIA

Computador utiliza DNA

Cientista quer inserir "máquina" no genoma

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Num futuro distante, computadores-médicos baseados em DNA poderiam ser incorporados ao genoma humano. Eles estariam prontos para entrar em ação assim que algo começasse a dar errado numa célula -por exemplo, sua conversão numa entidade cancerosa. Cortariam o mal pela raiz antes mesmo que a pessoa suspeitasse de algo de errado com a sua saúde.
Essa é uma das idéias de Ehud Shapiro para o futuro de sua pesquisa. Ele e colegas do Instituto Weizmann, em Israel, são os responsáveis pelo anúncio, ontem, de um computador-médico de DNA que deu sinais promissores -num tubo de ensaio- de que poderá ajudar a combater doenças hoje fatais, como o câncer.
Shapiro esteve ontem em Bruxelas, na Bélgica, apresentando sua visão do futuro em um congresso que reúne dezenas de cientistas proeminentes e ganhadores do Prêmio Nobel. Antes de sua apresentação, o pesquisador revelou à Folha, por e-mail, algumas das idéias que permeiam os próximos passos de sua pesquisa.
Por ora, os computadores de DNA só funcionam numa solução aquosa estéril. A arquitetura ainda é muito instável para sobreviver ao confuso ambiente existente no interior das células. Iniciar os testes com criaturas vivas é o próximo passo, afirma Shapiro.
"Os primeiros testes em culturas de células deverão ser realizados no futuro próximo", ele diz. "Mas um protótipo que funcione bem em um organismo vivo deverá levar entre cinco e dez anos para ser desenvolvido."
Introduzir os computadores nas células é um dos problemas a serem resolvidos. Mas, no futuro, talvez eles possam vir embutidos junto com o DNA do genoma.
"Poderíamos imaginar, numa visão futurista, um computador molecular que seria implantado no genoma. Então, a reprodução de propriedades do DNA tornaria possível carregar esse computador através de gerações", diz Shapiro. Apesar do potencial, ele reconhece que essa idéia ainda está longe de se tornar prática. "É uma possibilidade ainda distante, que pode até nunca se realizar."


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