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REPRODUÇÃO
Tecido congelado de paciente com câncer permite que ela engravide depois de passar por menopausa precoce
Belgas realizam o 1º reimplante ovariano
DO "INDEPENDENT"
Foi anunciada ontem a primeira gravidez obtida após reimplante de tecido de ovário. O feito abre
a perspectiva de reversão da menopausa. Cientistas o descrevem
como espantoso e dizem que trará esperança a milhares de mulheres jovens que sofrem de câncer e
se tornam inférteis após tratamento da doença.
A façanha também levanta
questões éticas sobre os avanços
no tratamento da infertilidade,
pois permitiria que mulheres preservem seus ovários e fiquem grávidas depois dos 60 ou 70 anos.
Pesquisadores competiam há 15
anos para transplantar ovários
humanos e permitir que uma mulher engravidasse depois de passar pela menopausa. A corrida foi
vencida por uma equipe belga,
que iria apresentar o resultado na
reunião anual da Sociedade Européia de Reprodução e Embriologia Humanas, em Berlim.
Uma belga de 32 anos, que havia
entrado numa menopausa precoce depois de passar por tratamento contra câncer, está grávida. O
parto está previsto para outubro.
Mais de 18 mil britânicas abaixo
de 44 anos são diagnosticadas
com câncer a cada ano, e o tratamento deixa 75% delas inférteis.
Simon Davies, chefe do Teenage
Cancer Trust do Reino Unido,
afirmou: "É uma grande notícia, é
fantástico. É uma nova oportunidade que vai se mostrar útil para
as pacientes de câncer, em especial as mais jovens, e lhes dará alternativas para o futuro".
Pelo menos quatro equipes estavam tentando se tornar a primeira no mundo a anunciar uma
gravidez bem-sucedida. Jacques
Donnez, chefe do Departamento
de Ginecologia e Andrologia das
Clínicas Universitárias St. Luc, de
Bruxelas, tratou uma mulher belga, então com 25 anos, que havia
recebido um diagnóstico de linfoma de Hodgkin avançado e teria
de enfrentar uma quimioterapia
que a deixaria infértil.
Em 1997, antes de passar por esses tratamento, os médicos removeram uma fina camada exterior
de seus ovários, na qual a maioria
dos óvulos estão armazenados. O
tecido foi fragmentado e congelado a -196C.
Assim que a mulher foi declarada livre do linfoma, em 2003, o tecido ovariano foi reimplantado
em seu corpo, no local mesmo
onde ficavam seus ovários danificados, e o implante começou a
funcionar. A paciente voltou a ter
menstruações, e em abril deste
ano um teste confirmou que ela
havia sido fertilizada naturalmente pelo marido e estava grávida de
15 semanas.
Donnez deve publicar os resultados no periódico científico
"New England Journal of Medicine" até o final do ano, mas não
deu entrevista ontem. Numa entrevista a uma emissora belga de
rádio, havia dito: "Ela está grávida
e leva uma vida que não tinha esperança de poder viver em 1997".
O pesquisador belga derrotou
uma equipe dinamarquesa e duas
americanas que perseguiam a
meta de provar que transplantes
ovarianos podem reconstituir a
fertilidade de uma mulher depois
de passar pela menopausa.
Kutluk Oktay, da Universidade
Cornell (EUA), que lidera uma
das equipes concorrentes, afirmou: "A primeira gravidez é algo
tremendo. Se ele conseguiu isso,
fico extasiado".
Oktay disse, no entanto, que
aguarda mais detalhes: "Se deixarmos as mulheres [se recuperarem] sozinhas, há uma chance de
recuperação espontânea da função ovariana", declarou à BBC
News Online. "Mas há uma possibilidade viável de que a gravidez
venha desse implante."
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