São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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Ratas insones ficam com "super-TPM"

Roedoras privadas de sono durante o período pré-menstrual chegaram a agredir machos em estudo da Unifesp

Se a noite mal dormida se dava no período fértil das fêmeas, reação era invertida, com aumento da libido e da cópula

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA A ÁGUAS DE LINDOIA (SP)

Noites mal dormidas podem potencializar o comportamento agressivo e a falta de interesse sexual no período que antecede a menstruação. Pelo menos em ratas.
A conclusão é de uma pesquisa feita pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que analisou a resposta sexual das fêmeas à privação de sono.
Os cientistas descobriram que o comportamento das roedoras variava de acordo com o estágio do ciclo reprodutivo em que o período insone começava. Quando iniciavam o experimento no equivalente à TPM das mulheres, o resultado era o aumento da rejeição à cópula.
A agressividade também se potencializou e, em alguns casos, as ratas partiram para o ataque e agrediram os machos insistentes. "Elas se levantam e começam a brigar. Parece uma luta de boxe", diz Monica Andersen, uma das autoras do estudo.

LIBIDO EM ALTA
Se a privação do sono acontecia quando as ratas estavam no período reprodutivo ou próximo dele, o resultado era o contrário: o desejo pelo macho ficava maior.
Além de caprichar nos sinais corporais que indicam interesse sexual, como mexer as orelhas e correr em volta do macho, as ratinhas chegavam a procurar a cópula.
Uma das principais razões para essas variações é a concentração do hormônio feminino progesterona.
Ratas com mais desejo sexual tinham pouco da substância, enquanto as que não queriam saber do macho estavam com níveis altos. Quatro noites mal dormidas são o suficiente para dar um nó nas reações das ratinhas.
Elas não foram privadas completamente do sono, apenas da fase dos sonhos: o estágio de REM (movimento rápido dos olhos, em inglês).
"É perfeitamente possível que uma pessoa fique quatro noites praticamente sem dormir. Muitos alunos em fase de provas ou até médicos de plantão vivem situações assim", diz Andersen.
Os resultados em seres humanos, no entanto, precisariam levar em consideração "muitos outros fatores", afirmou Andersen. Segundo ela, condições psicológicas, o fato de tomar ou não anticoncepcionais ou de ter um parceiro sexual fixo interfeririam nos resultados.


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