São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2001

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PANORÂMICA

BIOLOGIA

Brasileiros explicam como causadores do mal da vaca louca se multiplicam
Um grupo de pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) pode ter dado passo importante para esclarecer a evolução de doenças do tipo do mal da vaca louca: como seus causadores se multiplicam.
Eles são os príons, proteínas defeituosas que assumem uma estrutura diferente e se acumulam no organismo, degenerando tecidos nervosos. Essas versões alteradas são responsáveis pelo mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme) e por sua versão humana, a doença de Creutzfeldt-Jakob.
Sendo simples proteínas, elas não possuem mecanismo de replicação próprio. Aliás, nem se reproduzem -apenas induzem a conversão de proteínas normais na versão alterada. E a ação se dá, segundo os cientistas, por intermédio de moléculas vistas como "boazinhas" no ambiente celular -os ácidos nucléicos. Ou seja, DNA e RNA.
Na manutenção da vida, essas moléculas têm uma função nobre -são guardadores e transportadores de informação genética. No caso da replicação dos príons, têm função trivial, servindo como pólos de aglutinação de versões sadias da proteína, que são então convertidas.
Mas não basta ter ácidos nucléicos e proteínas normais. "É preciso que haja grande presença de proteínas alteradas", diz Jerson Lima Silva, um dos autores. São elas que vão "desgrudar" as proteínas do ácido nucléico, liberando-as para agir.
O grupo publicou o estudo no "Journal of Biological Chemistry" (www.jbc.org) e já está desenvolvendo moléculas capazes de competir com o DNA ou o RNA e imobilizar proteínas alteradas. O trabalho foi noticiado ontem no jornal "O Globo".
A equipe pretende submeter esses resultados em cerca de um mês, e a meta é conseguir espaço nas revistas "Nature" ou "Science". (DA REPORTAGEM LOCAL)


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