São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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Recordes são quebrados por acaso

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um punhado de neurônios pode muito bem dar o "empurrão" a um corredor rumo à vitória em uma prova de atletismo, mas, ao que tudo indica, a maioria das quebras de recorde não passa de coincidência.
Um estudo realizado por dois pesquisadores alemães e um britânico mostra que, em quase todas as modalidades de atletismo, os recordes são quebrados ao longo do tempo somente pelo aumento do número de competidores e de competições, não por um real avanço de desempenho dos atletas.
Os cientistas estabeleceram equações matemáticas que mostrariam como os recordes deveriam evoluir ao longo do tempo caso não houvesse o que eles chamam de progresso sistemático no desempenho do atleta. Depois, compararam suas predições matemáticas com as sucessivas quebras de recordes nas últimas décadas.
Das 22 modalidades que eles analisaram, com base em competições realizadas na Alemanha, só quatro não seguiram as previsões. Elas (arremesso de disco, 110 metros com barreiras e marcha olímpica de 20 e 50 quilômetros), segundo os pesquisadores, seriam as únicas em que os atletas teriam de fato melhorado seu desempenho ao longo dos últimos anos.
"Os treinadores deveriam levar essas projeções em conta na hora de avaliar o impacto de sua metodologia de treino em seus atletas, para saber se está havendo real progresso", diz Daniel Gembris, do Centro de Pesquisa de Jülich, um dos autores do estudo que saiu na última edição da revista "Nature" (www.nature.com).



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