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Recordes são quebrados por acaso
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um punhado de neurônios pode muito bem dar o "empurrão" a um corredor rumo à vitória em uma prova de atletismo, mas, ao que tudo indica, a maioria das quebras de recorde não passa de coincidência.
Um estudo realizado por dois pesquisadores alemães e um
britânico mostra que, em quase todas as modalidades de atletismo, os recordes são quebrados ao longo do tempo somente pelo aumento do número de
competidores e de competições, não por um real avanço de desempenho dos atletas.
Os cientistas estabeleceram equações matemáticas que mostrariam como os recordes
deveriam evoluir ao longo do tempo caso não houvesse o que eles chamam de progresso sistemático no desempenho do atleta. Depois, compararam
suas predições matemáticas com as sucessivas quebras de recordes nas últimas décadas.
Das 22 modalidades que eles analisaram, com base em competições realizadas na Alemanha, só quatro não seguiram as previsões. Elas (arremesso de
disco, 110 metros com barreiras e marcha olímpica de 20 e 50
quilômetros), segundo os pesquisadores, seriam as únicas em que os atletas teriam de fato
melhorado seu desempenho ao
longo dos últimos anos.
"Os treinadores deveriam levar essas projeções em conta na
hora de avaliar o impacto de
sua metodologia de treino em
seus atletas, para saber se está
havendo real progresso", diz
Daniel Gembris, do Centro de
Pesquisa de Jülich, um dos autores do estudo que saiu na última edição da revista "Nature" (www.nature.com).
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