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AMBIENTE
São Paulo, Paraná e Bahia desenvolvem projetos
Mata ciliar pode virar nova moeda em mercado de crédito de carbono
CRISTINA AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A Secretaria de Meio Ambiente
de São Paulo pretende usar as matas ciliares do Estado para entrar
no mercado de créditos de carbono, sistema previsto no Protocolo
de Kyoto. Paraná e Bahia também
possuem planos similares.
Em São Paulo, a intenção é inserir os créditos de carbono em um
projeto de US$ 7,7 milhões, dinheiro doado pelo GEF (Fundo
Mundial do Meio Ambiente) para
o governo estadual recuperar a
cobertura verde no entorno de
corpos d'água, como rios e lagos.
A secretaria quer usar o carbono como compensador econômico, para incentivar a expansão e o
reflorestamento das matas nativas. "A recuperação da mata ciliar
pede investimentos altos por longo período", diz Helena Carrascosa, coordenadora do projeto.
Se aprovado, o programa será
aberto a empresas, produtores rurais, prefeituras, ONGs e a quem
mais possa se beneficiar.
A comercialização de créditos
de carbono é parte do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo), que fornece a países pobres meios de inclusão no protocolo, que prevê a redução de
emissões de gases por países ricos.
O Brasil poderia, em princípio,
negociar cotas de carbono que sobram, seja porque a emissão foi
reduzida, seja pela absorção do
gás em sistemas florestais.
Para o dinheiro começar a circular, é preciso que o acordo de
Kyoto entre em vigor -algo que
só acontecerá após sua ratificação
(confirmação como lei) pela Rússia. Kyoto exige a ratificação por
55 países, que respondam por
55% das emissões de gases-estufa
do mundo industrializado.
"A maioria acha que o protocolo pode não entrar em vigor, mas
existem outros acordos", defende
o secretário do Meio Ambiente de
São Paulo, José Goldemberg.
Entre eles, estaria um pacto ambiental paralelo entre União Européia e Japão. Para Thelma Krug,
do Instituto Interamericano de
Pesquisas sobre Mudanças Globais, o problema é que tais acordos seriam bilaterais, em vez de
multilaterais. "Podemos montar
outros regimes, mas eles não representarão um debate dos países
que assinaram o protocolo", diz.
"Projetos de captação de carbono em matas ciliares têm pouco
apelo", diz Antonio Lombardi,
gerente de negócios da Ecológica
Assessoria, em São Paulo. Ele explica que os países ricos só podem
comprar 1% dos seus créditos de
carbono de sistemas florestais.
Desvantagens
Além disso, florestamento e reflorestamento da mata ciliar possuem duas desvantagens em relação a florestas comerciais: custo
alto e retorno em longo prazo.
Mesmo assim, outros Estados
começam a olhar as matas como
um filão. No Paraná, a Secretaria
de Meio Ambiente quer usar o
carbono para fomentar a recuperação no entorno de corpos d'água. "Esperamos que o projeto seja aprovado pelo Executivo até o
fim do ano", afirma o coordenador de biodiversidade e florestas
da secretaria, Ricardo Ramirez.
Na Bahia, a Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos
pretende explorar o MDL nas matas ciliares da bacia de Pedra do
Cavalo, que abastece a capital. O
projeto está em elaboração.
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