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ASTRONOMIA
Cientista brasileira participou da descoberta
Equipe encontra relíquia estelar mais antiga na borda da galáxia
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma estrela nanica e discreta na
borda da Via Láctea reacendeu a
esperança dos astrônomos de encontrar exemplares da primeira
ninhada estelar nascida no Universo. O astro é o primo mais próximo já descoberto das estrelas
pioneiras do cosmos.
A descoberta foi feita por cientistas da Alemanha, da Austrália,
dos EUA e do Brasil, com o auxílio de um telescópio no Chile, e já
derruba de cara a hipótese de que
as primeiras estrelas do Universo
só poderiam ter sido gigantescas
e, portanto, de vida muito curta.
Isso reforça a possibilidade de que
os cientistas voltem a encontrar
astros desse tipo no futuro, talvez
chegando até a ver estrelas da tão
procurada primeira geração.
Em essência, uma estrela não
passa de uma bola feita de hidrogênio acumulado a partir de uma
nuvem de gás primordial. Quando sua gravidade se torna mais intensa, o processo de compactação
do gás faz com que ela inicie fusão
nuclear em seu interior, grudando átomos de hidrogênio para
formar hélio. Quando uma estrela
é grande o suficiente e o hidrogênio que alimenta a fusão acaba,
ela começa a produzir elementos
cada vez mais pesados e termina
seu ciclo numa explosão, que espalha esses átomos pelo espaço.
Os átomos pesados vão parar
em outras nuvens gasosas e acabam incorporados a estrelas em
vias de nascer. Por essa razão,
quanto mais nova é uma estrela,
mais elementos pesados devem
estar em sua composição. Em
contrapartida, a primeira geração
de estrelas deveria ser totalmente
formada por hidrogênio e hélio,
sem elementos pesados.
A estrela recém-estudada pelo
grupo coordenado por Norbert
Christlieb, do Observatório de
Hamburgo, na Alemanha, tem
cerca de 12 bilhões de anos, 80%
da massa do Sol e concentração
de ferro (um elemento pesado)
equivalente a dois centésimos de
milésimo da solar. A estrela menos "enriquecida" até então detectada tinha 20 vezes mais ferro.
A descoberta está relatada hoje
na revista "Nature" (www.nature.com) e vai abrir portas para um
melhor entendimento da história
da Via Láctea e do Universo. "Esperamos encontrar outras estrelas como essa", diz Silvia Cristina
Fernandes Rossi, do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas da USP, uma das
autoras. "Em novembro mesmo
estou indo ao Chile com uma lista
de objetos para observação."
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