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São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2003

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ASTRONOMIA

Sequência nunca vista ameaça redes elétricas, mas não seres vivos; evento danificou dois satélites japoneses

Terra é vítima de tempestade solar dupla

DA REPORTAGEM LOCAL

O Sol parece estar de marcação com a Terra. Nem bem a primeira erupção solar passou por aqui, e uma segunda já foi disparada na direção do planeta, chegando logo em seguida.
"É como se a Terra estivesse olhando pelo cano de uma arma gigante apontada para nós pelo Sol, e... ela dá dois belos tiros", disse John Kohl, astrofísico da equipe que trabalha com o observatório solar e heliosférico da Nasa, o Soho, em comunicado.
"O "timing" dessas duas grandes erupções direcionadas para a Terra, ocorrendo uma após a outra, não tem precedente", disse o cientista dos EUA. "Não vi nada assim em minha carreira inteira como um físico solar. A probabilidade de isso acontecer é tão baixa que é como uma anomalia estatística."
A detecção de uma segunda erupção veio como uma surpresa. "Pensamos ter passado por esse grande evento solar relativamente intocados", diz Kohl, "mas agora se tornou um suspense. A parte dois ainda está vindo."
Os efeitos acumulados das duas tempestades solares são imprevisíveis, pois a onda de choque da primeira, já mais lenta, deve se encontrar com a da segunda.
Uma tempestade solar consiste na ejeção de uma grande quantidade de partículas do Sol na direção dos planetas. É uma quantidade imensa de prótons, elétrons e fótons altamente energizados que partem da estrela e podem atingir os corpos ao seu redor.
Os fótons (partículas de luz) são os mais inofensivos e rápidos. Com a chegada deles, é possível antecipar o que virá depois, quando os prótons, mais lentos, chegarem. É assim que se faz "previsão do tempo" no Sistema Solar.
O choque das partículas solares com a Terra não ameaça as formas de vida no planeta (protegidas pela atmosfera e magnetosfera terrestres), mas pode danificar redes elétricas e satélites, além de provocar aumento na ocorrência de auroras boreais e austrais.
Dois satélites japoneses sofreram danos na primeira tempestade, anteontem. A segunda alcançaria a Terra ontem à noite. (SN)


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