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Humanos causam aquecimento no pólo
Novo estudo mostra que emissão de CO2 explica temperatura na Antártida
Análise usou dados obtidos
em ambos os pólos; até
agora, continente antártico
era o único para o qual havia
dúvida sobre ação humana
ANDY COGHLAN
DA "NEW SCIENTIST"
Novas evidências apontam
que os seres humanos, e não fenômenos naturais, são os responsáveis diretos pelo aquecimento das calotas polares no
Ártico e na Antártida.
A notícia vem de um estudo
publicado on-line ontem na revista "Nature Geoscience". Ela
coincide com o anúncio, feito
nesta semana, de que o gelo
marinho no oceano Ártico está
mais fino do que nunca desde
que os registros começaram.
"Nós sabíamos que o aquecimento estava acontecendo lá,
especialmente no Ártico", diz
Alexey Karpechko, da Unidade
de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, Reino
Unido. Mas determinar as causas desse aquecimento ainda
não havia sido possível.
Karpechko, líder da equipe
que concluiu que a atividade
humana é a responsável, diz
que seus resultados mostram
finalmente que todos os continentes do planeta estão sendo
aquecidos por atividades humanas. "A Antártida era o único para o qual ainda havia dúvida, mas não há mais."
Sem surpresa
"É uma confirmação de resultados esperados", diz Gilles
Sommeria, vice-presidente do
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), o comitê de cientistas que
monitora a mudança do clima.
"Isso mostra que a influência
humana já observada na maioria das regiões foi confirmada
na Antártida, onde os dados
eram mais escassos."
Para descobrir se a atividade
humana era a culpada, Karpechko e colegas analisaram
dados de temperatura coletados nos pólos ao longo do último século.
Eles usaram os dados para
alimentar dois tipos de modelo
climático em computador. Ambos os tipos incluíam os efeitos
de fenômenos naturais, como
erupções vulcânicas e ciclos de
manchas solares (que ajudam a
resfriar o planeta), mas apenas
um deles computava as conseqüências de atividades humanas que podem afetar o clima,
como níveis aumentados de
dióxido de carbono -o principal gás-estufa- na atmosfera e
flutuações na quantidade de
ozônio na estratosfera.
Foram os modelos que incluíam os fatores humanos que
se aproximaram melhor das
temperaturas observadas nos
pólos. "Para mim não pode estar mais claro que os humanos
são os responsáveis", afirmou o
pesquisador do Reino Unido.
Ironicamente, os modelos
também sugeriram que o aquecimento seria ainda maior se a
camada de ozônio, que bloqueia parte da radiação solar,
não tivesse sido danificada pelos clorofluorcarbonos, também produzidos por atividades
humanas. "Se consertarmos a
camada de ozônio, o aquecimento pode ficar ainda mais
forte", disse Karpetchko. "Mas,
ao mesmo tempo, as coisas vão
ficar ainda piores se continuarmos emitindo gases."
Gelo fino
Enquanto isso, um estudo
que acaba de ser publicado no
periódico "Geophysical Research Letters" revela que a espessura do gelo marinho no Ártico ocidental chegou a 49 centímetros -um quinto da média
registrada na região nos últimos cinco invernos. Essa é a
mesma região que viu a passagem noroeste (uma lendária
rota marítima da Europa à Ásia
através do Canadá, permanentemente congelada) se abrir pela primeira vez em 2007.
O grupo que fez o estudo, liderado por Katharine Giles, do
Centro de Observação e Modelagem Polar do University College de Londres, usou pulsos
de radar emitidos por satélite e
refletidos pelo gelo para deduzir que o mar congelado ficou
26 centímetros mais fino.
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