São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

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Estruturas têm até 2.500 anos, diz cientista

DO ENVIADO A RIO BRANCO (AC)

O paleontólogo Alceu Ranzi, da Ufac (Universidade Federal do Acre), afirma que os canaviais representam ameaça aos geoglifos, mas que existe a possibilidade de um convívio harmonioso entre a agricultura e os sítios arqueológicos. Ranzi participou como estagiário da equipe que em 1977 localizou as primeiras formações geométricas, na área que hoje pertence à Usina Álcool Verde.
"Toda e qualquer agricultura com maquinário pesado -arados, grades, tratores- tem o potencial de colocar em risco os geoglifos", diz. "A delimitação dos geoglifos em área de plantio de cana, para evitar o acesso de tratores, deverá ser uma das primeiras ações a serem executada", continua. Segundo ele, há espaço no Acre para o desenvolvimento da agricultura sem danificar os sítios.
"Cada geoglifo é único e, se destruído, será uma parte do acervo cultural do Acre e da humanidade que ficará empobrecida", afirma.
Já há 140 geoglifos mapeados na região oriental do Acre, principalmente nos corredores da BR-317, no trecho entre Rio Branco e a divisa com o Amazonas, e da BR-364, entre a capital e a fronteira com a Bolívia.
Para Ranzi, novas pesquisas devem desvendar algo sobre a origem dos geoglifos. As universidades de Turku e Helsinque, na Finlândia, mantêm convênio de cooperação científica com a Ufac. Um projeto do Museu Emílio Goeldi (Pará) também é financiado pelo país nórdico.
Amostras de solo de cinco geoglifos foram levadas para a Finlândia, onde estão sendo datadas. Acredita-se que, em média, os sítios tenham cerca de mil anos. Já há indicativos de que os mais antigos tenham até 2.500 anos e os mais recentes, 800 anos.
Não se sabe que cultura indígena traçou os desenhos. "Foi um trabalho humano. É obra de gente. Agora, por quê? Quando? Quem? São pessoas desconhecidas, que se perderam no tempo, no Brasil, na América do Sul. É algo bem amazônico, uma cultura de terras baixas."
Sua função também é desconhecida. Alguns arqueólogos sugeriram que se tratasse de vestígios de aldeias. Outra hipótese é de que os desenhos sejam símbolos vinculados a rituais religiosos dos antigos acreanos. (ST)


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