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PISCINA VIVA
Ausência de cloro deixa banhista mais exposto a doenças
Esterilização por luz ultravioleta preserva peixes e plantas, mas não tem ação eficiente contra micróbios
DA REPORTAGEM LOCAL
Para manter a piscina biológica viva, o segredo é controlar
a qualidade da água -mas isso
não significa livrá-la de um tipo
de "vida invisível" que pode trazer doenças para os banhistas.
O cloro, combatente de micróbios com eficiência comprovada, não pode entrar ali, pois é
prejudicial para peixes e plantas. A esterilização é feita por
luz ultravioleta, que pode não
eliminar completamente os
microorganismos.
Os cuidados da limpeza começam com a minimização dos
excrementos dos peixes, que
devem ser alimentados com ração mais facilmente digerível
para não sobrecarregar o filtro.
Para as plantas, cilindros com
medidores injetam gás carbônico na quantidade certa.
Desinfetante
Vista como vantagem para
alguns, a ausência de produtos
químicos é rebatida pelo professor do Instituto de Química
da Unicamp Wilson Jardim, 52.
Segundo ele, "o cloro é o desinfetante de água mais seguro
porque permanece ativo".
A convivência de peixes e humanos, afirma Jardim, precisa
ser controlada para evitar disseminação de doenças. "Numa
casa, não sujeita a inspeções, é
uma combinação arriscada."
Os peixes ideais são os ornamentais, pequenos, que convivem melhor com a "fauna humana". As plantas, flutuantes
ou submersas, disputam nutrientes com algas, responsáveis pela indesejável tonalidade
verde da água.
Piscina comum
Nas piscinas comuns, bichos
do porte de peixes são proibidos, mas micróbios entram
sem pedir licença.
Para exterminá-los, a OMS
(Organização Mundial da Saúde) recomenda justamente o
uso do cloro, mais eficiente e
barato que as demais alternativas disponíveis -luz ultravioleta e ozonização, que não têm
resultados comprovados.
"Segundo estudos, cada micróbio exige uma intensidade
de luz ultravioleta diferente para ser exterminado, e ainda não
há conclusão quanto à quantidade de ozônio necessária",
adverte o biólogo José Luiz
Mucci, 47, da Faculdade de
Saúde Pública da USP.
Para o cloro, a dose é bem definida: até 3 mg/l (água na temperatura ambiente) ou 5 mg/l
(água aquecida). O excesso é
que irrita olhos e pele, deixa o
cabelo duro e agrava doenças
respiratórias.
Um kit fácil de usar mede a
concentração de cloro e o pH
(alcalinidade) da água. O ideal é
fazer a medição e a possível adição de cloro à noite, após o uso.
Por R$ 150 mensais, um técnico faz o serviço semanalmente. Outra opção é instalar um
gerador de cloro. O autolimpante custa R$ 3.519. A remoção de partículas maiores é feita por filtros ou por aspiração.
Sem piscineiro
O Auto-Pool, um sistema de
jatos instalados no fundo da
piscina, dispensa o piscineiro e
reduz em 20% o consumo de
produtos químicos, já que os
espalha melhor. Hidráulico,
economiza energia elétrica.
Custa R$ 11 mil (40 mil litros).
Muita chuva ou muito sol pedem cuidados dobrados. Chuvas favorecem o desenvolvimento de algas, e o ar seco deposita sujeira na piscina.
Quando o cloro reage com
impurezas, forma-se a cloramina, responsável pelo "cheiro de
piscina". Ao contrário do que se
pensa, não é sinal de pureza:
significa que a limpeza mecânica precisa ser reforçada para
que a química seja eficiente.
"A água ideal da piscina deve
ser como aquela que se bebe:
inodora, incolor e insípida",
descreve o engenheiro químico
William Millett, assistente técnico da Abiclor (Associação
Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados).
(DF)
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