São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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PISCINA VIVA

Ausência de cloro deixa banhista mais exposto a doenças

Esterilização por luz ultravioleta preserva peixes e plantas, mas não tem ação eficiente contra micróbios

DA REPORTAGEM LOCAL

Para manter a piscina biológica viva, o segredo é controlar a qualidade da água -mas isso não significa livrá-la de um tipo de "vida invisível" que pode trazer doenças para os banhistas.
O cloro, combatente de micróbios com eficiência comprovada, não pode entrar ali, pois é prejudicial para peixes e plantas. A esterilização é feita por luz ultravioleta, que pode não eliminar completamente os microorganismos.
Os cuidados da limpeza começam com a minimização dos excrementos dos peixes, que devem ser alimentados com ração mais facilmente digerível para não sobrecarregar o filtro. Para as plantas, cilindros com medidores injetam gás carbônico na quantidade certa.

Desinfetante
Vista como vantagem para alguns, a ausência de produtos químicos é rebatida pelo professor do Instituto de Química da Unicamp Wilson Jardim, 52. Segundo ele, "o cloro é o desinfetante de água mais seguro porque permanece ativo".
A convivência de peixes e humanos, afirma Jardim, precisa ser controlada para evitar disseminação de doenças. "Numa casa, não sujeita a inspeções, é uma combinação arriscada."
Os peixes ideais são os ornamentais, pequenos, que convivem melhor com a "fauna humana". As plantas, flutuantes ou submersas, disputam nutrientes com algas, responsáveis pela indesejável tonalidade verde da água.

Piscina comum
Nas piscinas comuns, bichos do porte de peixes são proibidos, mas micróbios entram sem pedir licença.
Para exterminá-los, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda justamente o uso do cloro, mais eficiente e barato que as demais alternativas disponíveis -luz ultravioleta e ozonização, que não têm resultados comprovados.
"Segundo estudos, cada micróbio exige uma intensidade de luz ultravioleta diferente para ser exterminado, e ainda não há conclusão quanto à quantidade de ozônio necessária", adverte o biólogo José Luiz Mucci, 47, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Para o cloro, a dose é bem definida: até 3 mg/l (água na temperatura ambiente) ou 5 mg/l (água aquecida). O excesso é que irrita olhos e pele, deixa o cabelo duro e agrava doenças respiratórias.
Um kit fácil de usar mede a concentração de cloro e o pH (alcalinidade) da água. O ideal é fazer a medição e a possível adição de cloro à noite, após o uso.
Por R$ 150 mensais, um técnico faz o serviço semanalmente. Outra opção é instalar um gerador de cloro. O autolimpante custa R$ 3.519. A remoção de partículas maiores é feita por filtros ou por aspiração.

Sem piscineiro
O Auto-Pool, um sistema de jatos instalados no fundo da piscina, dispensa o piscineiro e reduz em 20% o consumo de produtos químicos, já que os espalha melhor. Hidráulico, economiza energia elétrica. Custa R$ 11 mil (40 mil litros).
Muita chuva ou muito sol pedem cuidados dobrados. Chuvas favorecem o desenvolvimento de algas, e o ar seco deposita sujeira na piscina.
Quando o cloro reage com impurezas, forma-se a cloramina, responsável pelo "cheiro de piscina". Ao contrário do que se pensa, não é sinal de pureza: significa que a limpeza mecânica precisa ser reforçada para que a química seja eficiente.
"A água ideal da piscina deve ser como aquela que se bebe: inodora, incolor e insípida", descreve o engenheiro químico William Millett, assistente técnico da Abiclor (Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados). (DF)


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