São Paulo, domingo, 10 de março de 2002
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COMPORTAMENTO Decoradores e arquitetos dão dicas para o aproveitamento adequado do espaço em casas de "solitários" Morar sozinho não é morar improvisado
FREE-LANCE PARA A FOLHA A figura do "solitário largado" está cada vez mais distante. Morar sozinho significa hoje muito mais do que ter liberdade para entulhar a bagunça onde desejar. A escolha certa na hora de elaborar os espaços da casa pode ser o divisor de águas entre ter arranjado um local para ficar e possuir um lar. "Um apartamento seria o espaço ideal, pois a manutenção é mais fácil, não costuma ter jardim ou outros detalhes próprios de uma casa", avalia o arquiteto Toninho Noronha, para quem um imóvel muito grande "acaba virando uma casa-fantasma". O conceito de loft é uma alternativa. "São espaços amplos, arejados e de fácil conservação", diz o decorador João Armentano. Mas, se por um lado a eliminação de dormitórios abre espaço, por outro pode desvalorizar o imóvel, avisam os arquitetos. A alternativa seria usar o segundo quarto como abrigo de objetos, de roupas e até da "bagunça". Em apartamentos muito pequenos, o aposento de empregada pode virar escritório, despensa, depósito ou até ser integrado à área de serviço. "Esta deve ter o mesmo piso da cozinha", sugere a arquiteta Consuelo Jorge, que uma vez colocou máquinas e tanque embutidos em uma bancada, "que virou um ótimo suporte". Para o decorador Fernando Piva, é essencial o planejamento dos armários, com tudo à mão, para não precisar limpar e arrumar os objetos sempre. Outro detalhe é o tipo de piso. "Se não houver empregada, o laminado, o frio ou o de resina são os mais indicados. O carpete dá trabalho." Sanduíche Na cozinha, Piva recomenda a presença de uma geladeira com um bom freezer, de preferência com descongelamento automático, e de um forno autolimpante. A arquiteta e decoradora Lilian Melo sugere, a quem recebe visitas com frequência, gavetas, caixas, nada muito exposto, poucos móveis e muitos lugares para sentar. "Uma boa cristaleira, com talheres, copos e pratos, é tão útil quanto um fogão de seis bocas." Noronha defende que uma máquina de lavar louças talvez não seja tão essencial para uma pessoa que more sozinha, "pois quase não há louça para lavar, e ela poderia dar lugar a gabinetes para guardar utensílios domésticos". Na cozinha da arquiteta Cristina Bozian, que mora sozinha há três anos, a sanduicheira é sua maior aliada. "É raro usar o fogão de duas bocas, não uso panelas, e a geladeira também é pequena." Se o apartamento tem apenas um dormitório, um sofá reversível na sala pode resolver possíveis imprevistos de visitas de familiares ou amigos muito próximos. A decoradora Clarisse Reade recomenda também um "récamier" (espécie de sofá sem encosto usado para repouso diurno). "Algum lugar reservado no armário também ajuda", diz. "Mas, de qualquer forma, tudo o que estiver preparado para os amigos também deve fazer parte da casa, num entrosamento total com o resto." Telefones úteis Segundo os decoradores, em apartamentos pequenos é preciso ter cuidado com a substituição de uma parede do quarto por uma porta de correr. Isso porque, além de tirar a privacidade do morador no caso de visitas na sala, requer boa dose de senso de organização -não só para não fazer feio na frente das visitas, mas também para não permitir que a bagunça do quarto se espalhe pela casa. Para a arquiteta Débora Aguiar, "por mais que queiram um apartamento grande, as pessoas se satisfazem muito bem no espaço de um quarto, com home theater, laptop e aparador para leitura". "Por isso, no fim, fundamental mesmo é ter uma boa lista de telefones, sejam eles de serviços de manutenção, de delivery ou, o mais importante de tudo, telefones de muitos amigos, porque quem mora sozinho não precisa estar sozinho", conclui Noronha. (NATHALIA BARBOZA) Próximo Texto: Dificuldades perseguem os "solitários" Índice |
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