FREE-LANCE PARA A FOLHA

Demorar a semana inteira para consumir um pé de alface, juntar uma pilha de pratos para encher a lava-louças e fazer compras de supermercado de madrugada são algumas das experiências comuns entre os que moram sozinhos.
A economista Sandra Utsumi, 29, sente a dificuldade de lidar com porções familiares. "Uma vez levei três anos para consumir um quilo de açúcar", afirma. Segundo ela, o litro de leite é outro produto que joga fora com frequência. "Bem que já poderíamos ter as porções individuais que eu encontrava nos supermercados dos Estados Unidos", reclama.
Em seu apartamento de três dormitórios, Utsumi decidiu investir em eletrodomésticos mais avançados na lavanderia e na cozinha. "Gosto de lavar minhas roupas e de cozinhar", justifica.
Ela lembra que os moradores solitários têm dificuldades para agendar serviços de instalação ou de entregas, já que as empresas costumam fazer tudo em horário comercial. "Ficamos na mão do zelador ou temos de perturbar os amigos", constata.
A também economista Andréa Lucchesi, 30, é uma novata nesse ramo: tem apenas dois meses de "solidão". Mas já reclama da falta de um "faz-tudo" para serviços como instalar a máquina de lavar e furar a parede e aderiu ao freezer cheio de congelados.
Ela pertence ao clube dos "sem-tempo" e, portanto, contratou uma faxineira para limpar o apartamento de três dormitórios uma vez por semana. Mas assumiu a tarefa de lavar a roupa.

Guloseimas e verduras
A professora universitária Suely Maciel é mais prática: manda as roupas para uma lavanderia e tem o "apoio essencial de uma empregada duas vezes por semana". "Nos dias que estou só, eu me alimento de "tranqueiras"."
O arquiteto e triatleta Alexandre Feraiorni, 33, é mais cuidadoso com o estômago. Mesmo assim, só come verduras quando sai com clientes e confessa que não escapa de manter sobras na geladeira.
Ele dispensou o fogão e os armários de cozinha. Como sua dieta, além dos cereais, do leite e do iogurte, é baseada no macarrão, ele optou por uma cozinha reduzida: "Só um microondas, um forninho e uma estante de ferro".
O desenhista Edevilson Fonseca Guilherme, 34, é mais radical. Manda as roupas para a lavanderia, tem diarista e come fora todos os dias. Em casa, só se alimenta de cereais matinais e de muita fruta.
"Todos os fins de semana, recebo meus filhos, compro algo na rotisseria e abro a bicama", conta. Durante a semana, procura manter certa disciplina na arrumação.
A professora Suely Maciel resume a questão: "O segredo de morar só é estar atento às necessidades da casa. Do contrário, pode faltar até água gelada, e, pior, não terá ninguém para ir comprar para você". (NATHALIA BARBOZA)



Texto Anterior: Comportamento: Morar sozinho não é morar improvisado
Próximo Texto: Hobby e manias ganham papel de companheiros
Índice