São Paulo, domingo, 10 de novembro de 2002

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PRAGA

Materiais de construção, produtos naturais e inseticidas são aliados no combate a infestações, que crescem com o calor

Táticas contra insetos acertam na mosca

Luana Fischer/Folha Imagem
Luiz Cláudio dos Santos mandou dedetizar o condomínio onde mora


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Em casa fechada não entra mosquito. Nem barata, pernilongo, cupins ou formigas. Mas isso só para quem sabe se precaver.
Cada um enfrenta a "guerra" de um modo. Os mais pacifistas recorrem à citronela e a receitas do tempo da vovó para afastar insetos, enquanto os mais aguerridos se munem de iscas, armadilhas luminosas e inseticidas. Há ainda os que cercam a casa com telas e pensam no combate mesmo antes de construir o alicerce.
Qualquer que seja a escolha, é preciso preparar a munição. Segundo levantamento da Aprag (Associação Paulista dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas), a ocorrência de pragas nas grandes cidades do Estado aumentou de 20% a 25% entre janeiro e maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2001.
"Chegamos a isso também por causa do aumento do número de mosquitos da dengue", comenta Luís Fernando Macul, 37, presidente da Aprag. Esse crescimento segue a subida nos termômetros, já que as altas temperaturas propiciam a proliferação dos insetos.

Saída natural
"O controle é mais eficaz do que o extermínio", resume Sidney Garcia Ribeiro, 49, técnico químico e dono da Prodein (empresa de controle de pragas urbanas).
Para manter os bichos do lado de fora, vedação. Isso inclui desde a colocação de telas até a eliminação de frestas. "Os insetos geralmente fazem ninhos em vãos de azulejos, balcões de pia e caixilhos de janelas", explica a bióloga Celuta Paganelli, 50, sócia da Embio (Ensaios Biológicos e Aplicações).
Se os insetos já tomaram conta da casa, a situação se complica. Para infestações pequenas, vale até recorrer a artimanhas naturais, como velas de citronela.
"Mosquitos em geral não gostam de fumaça", opina Delfio Natal, 53, professor do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo). "Pode funcionar até certo grau, mas nem sempre resolve, especialmente onde há grande concentração."
Quem torce o nariz só de pensar no cheiro dos inseticidas conta com opções menos traumáticas. "Há técnicas menos agressivas, como usar pastas e gel para combater as formigas e as baratas, mas métodos naturais geralmente não dão certo", comenta o entomologista Anthony Érico Guimarães, 50, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
A utilização de gel contra baratas e formigas (sempre a cargo de empresas especializadas) é aprovada por Luiz Roberto de Paiva Carvalho, 42, sócio da Júpiter (empresa de dedetização).

Da rua
Mas nem um tonel de inseticida resolve quando o problema está além das fronteiras da casa e passa para a alçada da saúde pública.
A infestação por mosquitos em áreas próximas a rios e córregos, por cupins em locais com grande concentração de árvores ou por baratas de esgoto não será solucionada apenas com dedetização e cuidados dentro de casa.
Os cupins, por exemplo, estão escondidos em regiões bastante arborizadas de São Paulo, como Aclimação, Higienópolis, Jardins, Lapa, Moema, Pacaembu, Pinheiros e Vila Mariana. Segundo a Aprag, de 20% a 30% das árvores da cidade estão infestadas.
"Esse tipo de problema corresponde a 30% dos nossos chamados", diz Rodrigo Celso Gonzaga Martins, 32, diretor técnico da CCPU (empresa de controle de pragas). (BRUNA MARTINS FONTES)



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