São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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Instituto cultural sustentável brota em praça no interior de SP

Com estrutura de bambu, aquecimento ecológico, reúso de água e peças de demolição, edifício localizado em Pardinho busca certificação verde

CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

De longe, o design do telhado e a cor do bambu chamam a atenção dos pouco mais de 5.000 habitantes do município de Pardinho, que fica 234 km a oeste de São Paulo.
Essa construção no meio de uma praça se destaca não só pelo desenho arrojado mas também pelo ideal de sustentabilidade. O Centro de Cultura Max Feffer, com inauguração prevista para ontem, está pleiteando a certificação verde Leed (de construção sustentável).
"O bambu chama a atenção porque as pessoas não estão acostumadas, mas é apenas um dos elementos da construção. Todo o prédio é sustentável", explica a arquiteta Leiko Motomura, responsável pelo projeto.
Tudo começa no piso. A praça de cerca de 6.000 m2, cedida pela prefeitura, teve o potencial de drenagem de água aumentado apesar do novo prédio, de mais de 700 m2.
Os passeios do terreno foram trocados, e o desenho, modificado para aumentar a área de terreno permeável. Também foram feitos canais de dreno.
A água do telhado é coletada pelos drenos, tratada e volta para as descargas do centro cultural. Mesmo destino tem a água das pias, após tratamento apropriado. Até a chamada água negra (das bacias sanitárias) recebe tratamento e pode ser reusada na rega do jardim.
No segundo piso, a estrutura de bambu que apóia o telhado é translúcida e deixa a luz entrar até parte do térreo, onde há pé-direito duplo. Para suportar o peso, foi trazida uma espécie paraguaia de bambu.
Com diâmetro maior e parede mais larga, a espécie teve sua resistência testada nos laboratórios da USP São Carlos (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Temperatura
Para dar conforto térmico em uma região de clima quente e seco, o telhado foi pintado de branco. Assim, reflete parte da energia solar e também sombreia o andar de baixo.
Durante o inverno, a solução térmica foi criar dutos que levam ar quente às salas de longa permanência, no térreo.
"Foi construída uma parede de gabião [cesta de aramado com pedras dentro] virada para a face norte [de maior incidência solar]. Colocamos um vidro na frente para criar uma estufa, e o ar quente segue por tubulações", explica Motomura.
Esse ar quente flui pelo encanamento por dentro das paredes das salas, esquentando o ambiente interno. Durante o verão, basta fechar as tampas.

Projeto
O centro cultural, construído pelo Instituto Jatobás, foi doado ao município. A idéia do instituto é se integrar à comunidade e ao poder público para melhorar o desenvolvimento local.
Com esse fim, "a administração do centro cultural será coordenada por essas três instâncias", completa Luiz Alexandre Mucerino, vice-presidente do instituto.



4
edifícios já receberam certificado Leed no Brasil

86
estão em processo de certificação


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