São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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TÉCNICA

Escolha equivocada do material da tubulação hidráulica pode queimar os canos ou quem estiver tomando banho

Sistema de água gera um mar de dúvidas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A preocupação com a água também dá margem a dúvidas sobre os sistemas que devem ser adotados em casa. Quando se trata de abastecer o chuveiro com água quente, os tubos de cobre, que foram unanimidade no mercado durante muito tempo, ganham parceiros que desempenham o mesmo papel.
Todos são feitos de plástico -CPVC (PVC para água quente), PEX (polietileno reticulado) e PP (polipropileno)-, custam menos do que o cobre e têm instalação mais rápida.
Por proteção, alguns dizem que o cobre é o mais seguro. O material agüenta temperatura de 800C, com pico de 1.000C, enquanto seus concorrentes de plástico resistem a, no máximo, de 80C a 120C (pico).
"Se o termostato falha em um sistema a gás ou de aquecimento solar [em que a água atinge temperaturas elevadas], essa água excessivamente quente danifica o plástico", argumenta Edson Martinho, 40, consultor do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre).
Na opinião de Orestes Mar- raccini Gonçalves, 52, professor de sistemas prediais da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), tudo depende do ponto de vista do morador.
"O tubo de cobre resiste, mas a água sai fervendo no chuveiro e pode ferir uma pessoa", pondera. "Alguns podem preferir que a tubulação de plástico sirva como alerta. A segurança não depende só da tubulação, mas da escolha de aquecedores que estejam em conformidade com as normas técnicas, para evitar acidentes."

Flexível
Nelson Faversani Junior, 40, coordenador de obras da construtora Inpar, empolga-se com o PEX, que é flexível e mais caro que o similar de CPVC, mas mais barato que o tubo de cobre.
"Resiste a altas temperaturas e à pressão e, como não tem emendas, minimiza os problemas de vazamento", ensina.
O material, segundo Faversani Junior, é mais adequado para fazer a distribuição da água no imóvel, mas não para as prumadas (colunas que, em um edifício, alimentam todos os apartamentos).
Ainda no banheiro, a economia de água no vaso sanitário também gera controvérsia. A caixa acoplada ao vaso não faz com que ele gaste menos o líquido na hora da limpeza, se comparada com as novas bacias, que usam seis litros nesse processo.
"O que determina o consumo de água é a bacia, e não a válvula", explica Fábio Camurri, 35, engenheiro de aplicação da Deca (fabricante dos dois sistemas).
A informação sobre o consumo vem escrita nas peças: "6 l.p.f." (seis litros por fluxo).

Cozinha
Na cozinha, a água, aliada na hora da limpeza, pode tornar-se uma vilã se o piso não tiver impermeabilização, levando ao destacamento do revestimento e a infiltrações. Segundo engenheiros, em apartamentos, muitas construtoras deixam de impermeabilizar o piso, já que, diferentemente do que ocorre nas casas, não há umidade vinda do solo.
O problema é que a água vem de cima. Quando o piso é lavado (ou limpo com pano muito úmido), o líquido se infiltra pelos rejuntes e, como não pode evaporar, atinge as placas de revestimento e penetra na laje, ocasionando vazamentos no andar de baixo.
"O rejunte se desgasta naturalmente, então é muito comum que as infiltrações ocorram onde não haja impermeabilização", comenta a engenheira Eliene Ventura da Costa, do departamento técnico da Otto Baumgart.
Nem a limpeza seca deixa o piso livre de perigos. "Vazamentos da pia ou da geladeira também acontecem. Se a laje for malfeita e tiver fissuras, aumentarão as chances de infiltração", completa o engenheiro Carim Atala Elmor. (BMF)


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