São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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RAÍZES

Lojas e viagens são saída para os interessados em "comprar memória"

Quem não herda tem de correr atrás

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A vontade de usar a decoração para lembrar a ascendência acaba formando dois grupos. Um é constituído por aqueles que tiveram a sorte de herdar móveis e objetos. No outro, estão os que perambulam por lojas, bazares, centros culturais e viajam ao exterior em busca de suas raízes.
Uma representante do primeiro grupo é a administradora de empresas Adriana Vera, 33, que ganhou do pai peruano um quadro cusquenho -feito no estilo barroco e com forte influência da arte incaica. A obra, que já havia pertencido aos avós, está em poder da família há pelo menos 60 anos.
"Não abri mão de colocá-lo na sala. O resto da decoração do meu apartamento é contemporânea, mas combina com ele", explica.
No quarto do filho de Vera, Eric Max Hess, 8, mais lembranças da cultura peruana. São peças que o menino ganhou do avô. "Eu dei para ele esculturas em barro e um presépio índio", conta o pai de Adriana, Júlio Vera, 60.
Já o artista plástico Alexandros Evan Dovas, 33, herdou da família grega alguns livros e peças menores. Mas, dizendo-se apaixonado pelas artes clássicas, ele quis colecionar mais elementos para cultuar seu passado helênico.
De uma temporada de quatro anos na Grécia, ele trouxe algumas peças -como a reprodução de um elmo (espécie de capacete usado por gregos em batalhas). Por lá também aprendeu técnicas de escultura e de pintura.
O artista plástico está preparando, para a principal sala de sua casa, uma escultura de gesso em baixo-relevo com deuses gregos. "Ela vai tomar a parede inteira, tem 3 m por 2,5 m. Queria uma coisa humana e que desse movimento para a minha sala", justifica Dovas, entusiasmado.
A escultura, em fase de acabamento, será conjugada com um consolo em mármore, que o artista já possui. "Ele tem colunas no estilo grego. Vai combinar bem."

Lojas
Se não há peças herdadas ou dotes artísticos -mas há o desejo de lembrar a cultura dos ancestrais-, o caminho é buscar lojas que vendem artigos de arte e peças de decoração de outros países.
Correr atrás de referências culturais para decoração será bem mais fácil para alguns descendentes -árabes, orientais e africanos- do que para eslavos, americanos, espanhóis e franceses.
É só olhar a oferta de lojas de decoração da cidade para constatar. Muitas são as opções para aquelas "étnicas", para usar uma palavra cara aos decoradores.
As lojas com artigos orientais, em especial tapetes e móveis em fibra, são maioria, concorrendo de perto com as que vendem artesanato (veja quadro nesta página). Especialistas são unânimes em dizer que vale a pena pesquisar as características dos móveis de cada país, para não levar gato por lebre. (FLÁVIA MARREIRO)


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