São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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A praga da estação

Anna Carolina Negri/Folha Imagem
Os cupins "comeram um zero' do preço do violino de Henrique Dourado: com as marcas, passou de


Cupim se "disfarça" de aleluia para invadir a casa e comer até estruturas

DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A poesia do bailar das aleluias ao redor das luzes noturnas esconde um desfecho trágico para madeira, mobiliário e até mesmo papéis e roupas.
Isso porque os graciosos dançarinos voadores são, de fato, cupins. Verdadeiros come-quietos, eles devoram revestimentos de casas e móveis, escondidos e em silêncio.
Nos casos mais simples, essa praga pode ser combatida com cupinicidas vendidos em lojas de materiais de construção. Mas, nos mais graves, o extermínio chega a custar R$ 10 mil.
Avessos à luminosidade, os cupins deixam a "toca" só na época da reprodução, que tem seu ápice na chegada da primavera e vai até o final de janeiro.
Nesse período, dotados de asas e conhecidos como aleluias, siriris ou "bichinhos de luz", eles fazem a dança do acasalamento em torno de lâmpadas confundidas com o luar. Do romance às claras, nascem colônias de até 5.000 bichinhos.
Foi só a temperatura subir para a jornalista Aline Ribeiro, 24, ter o apartamento onde mora e trabalha tomado por aleluias. Bacias de água e vassouradas não brecaram o ataque.
"Há um ano e meio, notei sinais de cupins, como tacos carcomidos e rodapés ocos, mas não incomodavam tanto", conta Ribeiro, que desinsetizou a residência há uma semana -despesa paga pelo proprietário, já que o imóvel é alugado.
O preço do "bota-fora" fica entre R$ 1.500 e R$ 2.000 para um apartamento de três quartos e entre R$ 8.000 e R$ 10 mil para uma casa de dois andares.

Casa à mesa
Em São Paulo, as espécies mais comuns são o cupim de madeira seca, que ataca móveis isolados, e o cupim subterrâneo, que, mais devastador, leva construções inteiras à ruína.
"De outros continentes e sem predadores no Brasil, passaram a se alimentar de casas, na falta de áreas verdes", diz o biólogo Maurício da Rocha, 26, que fez mestrado sobre o assunto.
Identificar a espécie e localizar o ninho são as primeiras medidas para o controle.
É preciso contratar mão-de-obra treinada para o diagnóstico e para a desinsetização, orienta o biólogo e diretor da Aprag (Associação Paulista dos Controladores de Vetores das Pragas Urbanas), Sérgio Bocalini, 36. Devem ser feitos ao menos três orçamentos.


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