São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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Material reaproveitado gera economia

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Economizar na reforma, personalizar a casa e ainda colaborar com a preservação do ambiente. Essas são algumas vantagens do reaproveitamento de material.
Em uma das reformas residenciais que fez, a arquiteta Bianka Mugnatto, 39, usou a cerâmica retirada de uma parede como cacos no jardim, transformou a porta antiga em tampo de mesa e fez, com o velho portão de ferro retorcido, uma divisão do hall com a sala.
"É obrigação do profissional ter jogo de cintura e fazer as mudanças necessárias ficarem dentro do orçamento previsto. No caso do reaproveitamento, além da economia, a casa pode ficar singular", afirma Mugnatto.
A apresentadora da TV Cultura Flávia Lippi, 34, vem reformando sua casa há oito anos, sempre com materiais usados. "É um processo diferente, pois você acha uma porta ou uma janela de que gosta e então procura a parede", conta. Além de vasculhar depósitos de demolição, ela chegou a pegar material de construção na rua.
"Vidros, tijolos, madeira, muita coisa boa é jogada fora. Dá para fazer uma casa com reaproveitamento."

Novas utilidades
E não só os resíduos da construção civil podem ser reaproveitados. O engenheiro civil, pesquisador e colaborador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Luis Otto Faber Schmutzler, 64, desenvolveu uma manta para colaborar no desempenho térmico das construções.
O material é confeccionado com a união de caixas de leite longa vida abertas, que formam uma manta com face de alumínio. Ela é colocada entre a estrutura e as telhas. "Nos testes, as casas com a manta tiveram uma redução na temperatura de 9C a 20C, dependendo da ventilação", diz Schmutzler.
Um material como esse custa a partir de R$ 4,50 por metro quadrado, e o custo da mão-de-obra começa em cerca de R$ 20, pela mesma medida, segundo a Isolant, empresa do ramo. Mas além de ser vendido para melhorar o desempenho térmico, o material da empresa é usado para impermeabilizar.
O professor de arquitetura da USP de São Carlos Marcelo Tramontano, 44, diz que, apesar de o projeto parecer válido e termicamente possível, é cético com essas novas tecnologias.
"Pelo que sei, é um projeto artesanal e não cria ciclos econômicos, empregos. E é preciso estudar mais as propriedades para recomendar qualquer descoberta." (AM)


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