São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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Bambu para toda obra

Fernando Moraes/Folha Imagem
Moradia projetada e erguida pelo Instituto do Bambu, em Maceió


BRUNA MARTINS FONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Popular na Ásia, o bambu está à mostra há milênios em telhados, templos e pontes. No Brasil, é por trás das paredes que a gramínea revela seus segredos, como a resistência e o conforto térmico. Ainda tímida nas pranchetas dos arquitetos, é pela mão dos engenheiros que ela entra na obra.
Um grupo da Universidade Federal de Alagoas uniu-se ao Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para erguer dois protótipos em que o bambu está em pilares, paredes e na estrutura do telhado.
Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ele substitui o aço em pilares e vigas e toma o lugar da brita no concreto.
"As pessoas perguntam se, como pilar, viga ou telhado, ele agüenta", conta a arquiteta Celinna Llerena, da Ebiobambu (Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia Experimental em Bambu). Para especialistas, sim. O bambu resiste à tração (alongamento) como o aço, mas não tem o mesmo desempenho para suportar peso.
Mesmo assim, pode ser usado na estrutura. O engenheiro Edson de Mello Sartori, 43, consultor do Instituto do Bambu, fez paredes, pilares e vigas com a planta. O custo da obra foi 40% menor do que se fosse feita em alvenaria.
Mas o uso da planta exige cuidados, como tratá-la com biocidas. "O amido do bambu reage com o cimento, que não endurece", aponta Armando Lopes Moreno Junior, 39, professor da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp.


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