São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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OBRA

Método construtivo artesanal e falta de industrialização dificultam o uso

Planta busca a produção das linhas de montagem

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar de bastante elogiado por sua performance como estrutura, o bambu ainda freqüenta muito pouco os canteiros. Na opinião de especialistas no material, essa ausência pode ser explicada porque a gramínea está fora do circuito industrializado.
"Não há uma cadeia organizada de plantio e de distribuição", pontua Armando Lopes Moreno Junior, professor da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp.
Quem já levantou casas com o material concorda. "O sistema construtivo é muito artesanal", comenta Alejandro Luiz Pereira da Silva, diretor-presidente do Instituto do Bambu, que fez um protótipo de 40 m2 em Maceió.
Para racionalizar o processo, uma segunda experiência do grupo alagoano conta com pilares, vigas e painéis pré-moldados em uma casa de 22 m2 que deve ser inaugurada no próximo dia 13.
Essas estruturas têm "esqueleto" de bambu preenchido com o que eles batizaram de "microconcreto", material que, em vez de brita, leva borracha reciclada e bambu picado.
"Estamos testando um sistema construtivo em moldes industriais para viabilizar a construção em maior escala", explica Edson de Mello Sartori, consultor técnico do Instituto do Bambu.

Estrutura
Para os mais conservadores, o bambu pode começar a entrar em campo no lugar da madeira."As fôrmas podem ser substituídas por tábuas de bambu, conhecidas como "esterillas'", sugere a arquiteta Celinna Llerena, da Ebiobambu (Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia Experimental em Bambu).
Para fazer as tábuas, abre-se o bambu como se fosse uma esteira, que é colocada para secar. Pontaletes (peças de escoramento) de lajes, canais de irrigação e contenções de encostas são outros usos que Llerena indica.
Khosrow Ghavami, professor do Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), complementa que também é possível estruturar lajes.
Como nos painéis, várias esteiras de bambu recebem varas da planta na transversal e são recheadas com o concreto. "É um material muito versátil", comenta Ghavami, que já elaborou até colunas cilíndricas com a planta.
Para fazer um bom uso, entretanto, é preciso ser criterioso na escolha do bambu. "Para cada espécie há uma finalidade determinada, devido às características de tamanho, grossura e espessura de parede", comenta Llerena. Segundo a arquiteta, os bambus atingem a altura máxima aos seis meses e estão maduros depois de três anos. (BRUNA MARTINS FONTES)

SITES ÚTEIS: www.bambubrasileiro.com/ebiobambu e www.abmtenc.civ.puc-rio.br/abmtenc/areas/index.htm



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