São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Pesquisa da Poli-USP aponta índice de perda de material na construção civil e da margem de lucro no setor
Desperdício na obra chega a 8%

Luana Fischer/Folha Imagem
Areia é um dos itens que estraga com facilidade; planejamento e cuidados com armazenamento reduzem prejuízo


TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Sobra areia, cimento, tijolo, telha, fio. E falta dinheiro para concluir a obra, que parece não terminar nunca. Se a situação lhe parece familiar, fique atento. É provável que o desperdício seja o grande vilão da sua construção.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) revela que o índice de perda de material consome de 3% a 8% do total investido nos empreendimentos. O número é significativo, já que a margem de lucro no setor é de 10% a 15% do investimento total, segundo o Secovi (sindicato das imobiliárias e construtoras).
"O desperdício contribui para a redução da margem de lucro no segmento", observa Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor responsável pelo estudo. Durante dois anos, em 12 Estados, foram acompanhadas atividades em cem canteiros de obras.
Cláudio Bernardes, do conselho consultivo do Secovi, explica que "a redução do desperdício tem sido uma das soluções para garantir a margem de lucro do setor, pressionada pela economia".
Lemes de Souza observa que há duas maneiras de desperdiçar na construção. A perda física está mais próxima da noção de estrago e transforma o material útil em entulho. "É o caso de tijolos quebrados ou cimento ressecado."
Mas boa parte do material desperdiçado constitui a chamada "perda incorporada". A argamassa é o principal item perdido dessa forma. "Como se trata de material corretivo, é geralmente utilizada para esconder falhas anteriores. Aplicações que deveriam ter 2,5 cm têm 3 cm. Não vira entulho, mas há estrago."
Para Fábio da Silva Filho, 43, diretor técnico da Concima Construções Civis, "é preciso estudar as falhas no processo e otimizá-las." Dessa forma, a construtora reduziu consideravelmente as taxas de desperdício, em um ano.
Na prática, a preocupação é financeira. "Em um empreendimento de R$ 7,5 milhões, conseguimos economizar R$ 150 mil."


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