São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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DESPERDÍCIOS NA CONSTRUÇÃO
No mercado informal, que não é especializado, perdas são maiores
Gastos extras inviabilizam trabalho

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o desperdício gera prejuízo aos grandes empreendedores, a ameaça é ainda maior para o pequeno construtor. Sem informação ou planejamento, muitas pessoas têm até mesmo a conclusão do seu projeto inviabilizada por perdas e gastos desnecessários.
"A média de 5% do investimento desperdiçado não corresponde à realidade do mercado informal, responsável por metade das construções dos centros urbanos. Nesse cenário, a perda de material é muito maior", comenta Ubiraci Espinelli Lemes de Souza.
Entenda-se por mercado informal construções e reformas realizadas sem interferência de empresas especializadas. Imagine, por exemplo, uma construção orçada em R$ 80 mil. Desperdiçar 10% do investimento significaria, nesse caso, jogar fora R$ 8.000.

"No olho"
Na opinião do engenheiro Fabiano Poloni, da Fazer Construções, a falta de planejamento é o principal agente causador de gastos desnecessários. Ele ressalta que a prática de "construir no olho", sem qualquer quantificação, sempre significa estragos.
"É preciso planejar a obra, definindo o que vai ser feito; planejar as compras para que só se adquira o necessário e não se perca material; e, finalmente, planejar o canteiro para o armazenamento e o deslocamento local. Com isso, evita-se 70% das perdas."
O profissional ensina ainda que a organização do canteiro tem papel fundamental no controle do desperdício. "O espaço deve ser pensado de maneira definitiva, desde o início do trabalho. O ideal é estabelecer os trechos de passagem e o local de armazenamento, sem mudá-los de lugar depois."
O critério na hora de selecionar os operários que irão executar o projeto é fundamental. A falta de profissionais qualificados pode comprometer o planejamento e causar surpresas desagradáveis, dizem os especialistas.
"A mão-de-obra escolhida terá bastante influência no processo, por isso é indispensável estar trabalhando com pessoal de confiança. Vale checar referências, conversar com empregadores anteriores e visitar trabalhos executados", sugere o professor Lemes de Souza.
Ele enfatiza que a experiência do operário é o que vai definir, na prática, o manuseio do material adquirido para a obra, colaborando para o bom aproveitamento.
Fábio Filho, da Concima, afirma que oferecer treinamento padronizado aos operários reduz problemas na obra. "O pessoal deve receber orientações precisas sobre a maneira ideal de trabalhar."


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