São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PESQUISA

Produto é experimental, mas há opções no mercado

Unicamp usa casca de ovo em vez de brita para fabricar bloco e piso

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O concreto está prestes a ganhar um novo agregado reciclado: casca de ovo. Obtido como resíduo em granjas, o material, misturado a areia, cimento e água, substitui a brita na fabricação de produtos como blocos e pisos.
Essa pesquisa está sendo conduzida na Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) pelo estudante César Hideo Nagumo e pelo professor Antonio Ludovico Beraldo.
Nagumo estima que 3% da produção de ovos em granjas não seja aproveitada devido a trincas e má qualidade, assim como ocorre com as cascas descartadas em incubadeiras de pintinhos.
O concreto com casca de ovo ainda está em fase de testes (já foram feitos o de resistência mecânica e o de compressão) e será aplicado na própria faculdade (na forma de pisos, por exemplo), para verificação de durabilidade e resistência à abrasão. A produção das peças está prevista para começar nesta semana.
A casca de ovo, entretanto, precisa ser tratada, pois sua película interna não é compatível com o cimento. "Isso também acontece com as matérias-primas vegetais que, quando adicionadas ao cimento, neutralizam seus efeitos", explica Beraldo.

Outros reciclados
Trocar a brita por materiais alternativos na hora de fazer o concreto não é novidade.
Pesquisas já mostraram como utilizar mistura de garrafas PET e isopor ou fibras, como as de coco, sisal, arroz e até bambu, este último utilizado por Beraldo para fazer o Biokreto.
Mas poucos produtos chegam às prateleiras. "Apesar de contar com boa pesquisa, é difícil achar empresas que comercializem produtos de concreto com agregados reciclados", opina Márcio Augusto Araújo, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).
Um deles é o Recibloco, bloco de concreto feito com areia de fundição (não cumpre função estrutural), que pode ser comprado no Idhea. A mesma empresa também faz pisos intertravados utilizando esse resíduo.
Para substituir a brita, a fabricante gaúcha Maison desenvolveu um material composto de sobras de EVA (sigla para etileno-acetato de vinila, uma espécie de borracha), que pode ser usado na elaboração de argamassa e concreto leve, sem função estrutural.
(BRUNA MARTINS FONTES)


Antonio Ludovico Beraldo: beraldo@agr.unicamp.br; Idhea: idhea@idhea.com.br; Maison: www.britaleve.com.br.


Texto Anterior: Quintais: Espaço abriga de jardim a ofurô e piscina
Próximo Texto: Design: Lojas do D&D mostram cem lançamentos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.