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Prisão ocorreu no dia da eleição presidencial de 89
do Banco de Dados
Na véspera da primeira eleição
presidencial após o regime militar,
em 89, a notícia sobre o sequestro
do empresário Abílio Diniz teve
características de fato político.
Informações extra-oficiais da
Polícia Civil paulista davam conta
de que os envolvidos no crime tinham ligação com o PT.
Era uma bomba, horas antes do
segundo turno que o petista Luiz
Inácio Lula da Silva disputava com
Fernando Collor (PRN).
No Brasil da inflação (o último
mês do governo José Sarney registrou o índice mensal recorde de
84% de aumento de preços), um
partido de esquerda jogaria suas
chances reais de chegar ao poder
em uma aventura criminosa contra um representante dos supermercados?
Até hoje os sequestradores se
desculpam junto ao PT pela inconveniência de fazer o sequestro naquele momento e envolver o partido numa ação que ele ignorava.
A polícia foi acusada de vestir e
fotografar os presos com camisetas do partido, mas a investigação
acabou arquivada dois anos depois, por falta de provas.
No dia 17 de dezembro de 89,
após seis dias de sequestro e 36 horas de cerco à casa de classe média
que servia de cativeiro, no Jabaquara, os dez sequestradores libertaram Diniz e foram presos -quase no mesmo momento em que as
urnas eram fechadas.
Conexão Manágua
As ligações dos presos com movimentos da esquerda latino-americana ficaram provadas quando,
em maio de 93, um bunker explodiu acidentalmente em Manágua,
Nicarágua.
O local era alugado pela FPL
(Frente Popular de Libertação), de
El Salvador.
Na época, a Folha mostrou que
ali havia um arsenal que incluía
mísseis terra-ar, fuzis AK e um
dossiê com a rotina de empresários em vários países, entre eles
Abílio Diniz.
No local também foram encontrados documentos dos canadenses David Spencer e Christine Lamont.
O Departamento de Estado norte-americano investigou o dossiê e
constatou a existência de uma rede mundial de sequestros, com ramificações em 12 países do mundo, cujas ações tinham finalidade
política. O sequestro de Diniz teria
sido uma dessas ações.
Controvérsia
Sempre foi questão controversa
se os dez presos usariam de fato o
dinheiro do resgate -foram pedidos US$ 30 milhões, cerca de R$
36 milhões hoje - para financiar
ações revolucionárias.
Até ser preso, o grupo não havia
soltado nenhum manifesto sobre
suas intenções supostamente políticas ou as citado no contato com a
família.
A resposta mais recente a essa
dúvida veio do Tribunal de Justiça
paulista, que em dezembro considerou que o crime teve motivação
política.
O que levou os desembargadores
a essa conclusão foi uma declaração feita em 96 -sete anos após o
sequestro- pelo MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária)
chileno, assumindo a responsabilidade pelo crime.
Ação atrapalhada
A prisão do grupo foi resultado
da execução desastrada de um crime bem planejado.
No carro usado em 11 de dezembro para sequestrar Diniz, uma
Caravan disfarçada de uma ambulância, foi encontrado o cartão de
uma oficina mecânica onde um
dos sequestradores encomendou
um serviço no veículo.
Na oficina, ele havia deixado um
número de telefone de um flat. A
polícia localizou o local e o prendeu.
O restante dos envolvidos foi localizado por meio de informações
encontradas nos documentos que
o sequestrador preso portava. O
cativeiro foi cercado todo o grupo
foi preso.
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