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Com saudades de Kant, Elettra desdenha passarela
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA
"Never say never", diz a socialite
para Elettra Rossellini, no jantar
de quinta-feira no ICI Bistrô, em
Higienópolis. A neta de Ingrid
Bergman, filha de Isabella Rossellini, diz que não pretende ser modelo nem atriz. Estavam na mesa
Cristiana Arcangeli, Franziska
Hubener, Cris Sadi e Helena
Montanarini.
"Na minha lista de prioridades,
ser modelo está lá embaixo, junto
com mecânica de automóveis,
por exemplo. Pode ser até que eu
me torne uma, mas só em caso de
extrema necessidade", diz Elettra
sem a menor afetação, para o grupo de supermontadas.
A modelo diz que gostou de São
Paulo, mas não teve "chance" de
perceber se a cidade é violenta, rica, pobre, ou se a mulher brasileira é sexy. Até então, não havia
comprado nenhuma peça de roupa. "Não estive um minuto parada em frente a uma vitrine", ela
conta, suspendendo o tomara-que-caia vermelho que diz ter
comprado "por U$ 20" nos EUA.
"Esse é o prato que eu mais
amo", diz, antes de começar a comer um steak de atum com salada. São 23h e ela não come nada
desde as 12h30. No segundo prato, filé de namorado, embatuca
em um pedaço de palmito pupunha assado. Acha duro, dá pancadinhas com a faca e pergunta. "O
que é isso, sorvete?", rindo com
jeitão de meninona americana.
Sobre a Fashion Week, ela diz
que só pode compará-la com a de
Milão, "porque é o único lugar em
que freqüento o povo da moda".
"É um pouco diferente, aqui é tudo mais colorido e as pessoas na
platéia, mais animadas. Tem uma
energia jovem. Na Itália eles são
mais sóbrios", explica.
Embora tenha estudado ciência
política e filosofia e pretenda retomar o curso, Elettra não reclama
da frivolidade do mundinho fashion. "A moda não é uma ciência
política, nem se propõe a isso. Então, é o que tem que ser. Glamour,
holofotes, cenas."
Diz isso também porque sua
passagem pelas passarelas tem
prazo de validade: em novembro
ela volta aos estudos. "Estou doida que me perguntem alguma
coisa sobre Kant ou Hobbes."
Digamos que ela seja do tipo
que prefira falar de seu livro de cabeceira ("1984", de George Orwell) e responda antes mesmo
que se termine a frase sobre o filme brasileiro... "Que ganhou quatro indicações para o Oscar? Quero ver! É violento?"
As socialites permanecem
olhando, sem piscar. Elettra diz
que a experiência profissional no
Brasil foi boa. Conta que a alertaram da fama de "atrasado" do
brasileiro, mas não pode reclamar. "Acho até que vim tão relaxada, por causa dos avisos, que
devo ter me atrasado mais do que
a produção (risos)."
Perto da meia-noite, ela conta
que o dia foi longo: acordou às 6h,
posou para fotos, deu entrevistas,
foi a desfiles. Tem dormido bem?
"Não muito, acho que é por causa
da cama do hotel (Fasano). Apesar de ser muito chique, acho que
cheira a limpo demais (risos)."
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