São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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Com saudades de Kant, Elettra desdenha passarela

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA

"Never say never", diz a socialite para Elettra Rossellini, no jantar de quinta-feira no ICI Bistrô, em Higienópolis. A neta de Ingrid Bergman, filha de Isabella Rossellini, diz que não pretende ser modelo nem atriz. Estavam na mesa Cristiana Arcangeli, Franziska Hubener, Cris Sadi e Helena Montanarini.
"Na minha lista de prioridades, ser modelo está lá embaixo, junto com mecânica de automóveis, por exemplo. Pode ser até que eu me torne uma, mas só em caso de extrema necessidade", diz Elettra sem a menor afetação, para o grupo de supermontadas.
A modelo diz que gostou de São Paulo, mas não teve "chance" de perceber se a cidade é violenta, rica, pobre, ou se a mulher brasileira é sexy. Até então, não havia comprado nenhuma peça de roupa. "Não estive um minuto parada em frente a uma vitrine", ela conta, suspendendo o tomara-que-caia vermelho que diz ter comprado "por U$ 20" nos EUA.
"Esse é o prato que eu mais amo", diz, antes de começar a comer um steak de atum com salada. São 23h e ela não come nada desde as 12h30. No segundo prato, filé de namorado, embatuca em um pedaço de palmito pupunha assado. Acha duro, dá pancadinhas com a faca e pergunta. "O que é isso, sorvete?", rindo com jeitão de meninona americana.
Sobre a Fashion Week, ela diz que só pode compará-la com a de Milão, "porque é o único lugar em que freqüento o povo da moda". "É um pouco diferente, aqui é tudo mais colorido e as pessoas na platéia, mais animadas. Tem uma energia jovem. Na Itália eles são mais sóbrios", explica.
Embora tenha estudado ciência política e filosofia e pretenda retomar o curso, Elettra não reclama da frivolidade do mundinho fashion. "A moda não é uma ciência política, nem se propõe a isso. Então, é o que tem que ser. Glamour, holofotes, cenas."
Diz isso também porque sua passagem pelas passarelas tem prazo de validade: em novembro ela volta aos estudos. "Estou doida que me perguntem alguma coisa sobre Kant ou Hobbes."
Digamos que ela seja do tipo que prefira falar de seu livro de cabeceira ("1984", de George Orwell) e responda antes mesmo que se termine a frase sobre o filme brasileiro... "Que ganhou quatro indicações para o Oscar? Quero ver! É violento?"
As socialites permanecem olhando, sem piscar. Elettra diz que a experiência profissional no Brasil foi boa. Conta que a alertaram da fama de "atrasado" do brasileiro, mas não pode reclamar. "Acho até que vim tão relaxada, por causa dos avisos, que devo ter me atrasado mais do que a produção (risos)."
Perto da meia-noite, ela conta que o dia foi longo: acordou às 6h, posou para fotos, deu entrevistas, foi a desfiles. Tem dormido bem? "Não muito, acho que é por causa da cama do hotel (Fasano). Apesar de ser muito chique, acho que cheira a limpo demais (risos)."



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