São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2006

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URBANISMO

Recursos do governo e do Banco Interamericano de Desenvolvimento serão usados para revitalizar imóveis da região

Prédio privado na Luz receberá verba pública

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Imóveis particulares da região da Luz, no centro de São Paulo, poderão ser restaurados com recursos públicos e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A medida faz parte do programa Monumenta, voltado à recuperação de áreas históricas degradadas em mais de 20 cidades de várias partes do país.
O projeto, que já recupera monumentos na Luz, conta com cerca de R$ 1,7 milhão para a reforma de empreendimentos privados em São Paulo. O dinheiro vem do Ministério da Cultura, do Estado e da prefeitura, além do BID.
As propostas devem ser encaminhadas à prefeitura até 2 de março. Quem for selecionado terá de 10 a 20 anos para pagar o financiamento, que não terá juros.
O objetivo da medida, diz a arquiteta Edméa Fioretti, da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), é permitir que casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais da região acompanhem as ações que têm sido desenvolvidas em prédios públicos, como a Pinacoteca e a Estação da Luz.
"Em projetos de preservação, nunca se pensa na recuperação dos imóveis privados", diz. Segundo a arquiteta, a verba já deve estar disponível a partir do segundo semestre deste ano. Podem ser financiadas obras para estabilizar a estrutura do imóvel, embutir a fiação elétrica e recuperar fachadas e coberturas -nesse caso, o programa recomenda que sejam demolidos os acréscimos, como os chamados "puxadinhos", que descaracterizem a edificação.
Para o arquiteto Carlos Lemos, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP, é importante que essas reformas busquem preservar as características originais dos prédios -grande parte das edificações do local, diz ele, é do século 19: "São moradias modestas, com uma arquitetura anônima, que, do ponto de vista artístico, são irrelevantes, mas devem ser tratadas como um documento histórico".
Para selecionar as propostas, a prefeitura avaliará aspectos como a relevância histórica e estado de conservação do prédio, a renda da família e a contrapartida oferecida pelo dono do imóvel. Os projetos precisarão ser aprovados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Para famílias com renda mensal de até três salários mínimos, as regras são um pouco mais flexíveis. Elas terão um prazo de 20 anos para pagar o financiamento e também poderão solicitar reformas que melhorem a iluminação, ventilação e instalações sanitárias do espaço, assim como mudanças que permitam a realização de atividades remuneradas no local.


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