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SAÚDE
Levantamento da Secretaria da Saúde de SP mostra que casos subiram de 69 para 474 no período de cinco anos
Sífilis 'vertical' multiplica-se por sete
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
A sífilis "vertical" -que é
transmitida de mãe para filho-
subiu quase sete vezes em cinco
anos (entre 1991 e 1996).
Levantamento realizado pela Secretaria da Saúde do Estado de São
Paulo mostra que, no intervalo de
cinco anos, o número de casos
passou de 69 para 474. No ano passado, o número de casos registrados até agora foi de 198, mas o balanço ainda não foi fechado.
A sífilis "vertical" -contraída
pela mulher sexualmente- pode
levar à má-formação do bebê, causando principalmente problemas
de visão.
O crescimento, segundo a secretaria, pode não representar uma
elevação real do número de casos,
mas apenas uma melhora no sistema de notificações da doença,
porque, nos últimos anos, houve
um esforço nesse sentido.
Mesmo assim, o programa de
doenças sexualmente transmissíveis do Estado está preocupado
com a elevação das notificações e
está preparando uma campanha
para elevar os exames de sífilis em
grávidas e o tratamento das mulheres que têm a doença.
Um dado preocupante no estudo
da secretaria mostra que, apesar
de a maioria das grávidas com
diagnóstico de sífilis ter sido submetida a tratamento (54,4%), 86%
desses tratamentos foram inadequados e houve transmissão da
doença para o bebê.
"Isso é um absurdo, porque o
tratamento da doença é muito
simples e barato, porque é à base
de penicilina", afirma o coordenador do Programa DST/Aids, Artur
Kalichman. Hoje, no pré-natal,
duas doenças sexualmente transmissíveis têm de ser notificadas:
Aids e sífilis.
Para deter a doença, a secretaria
pretende incentivar a realização de
testes de sífilis no pré-natal e melhorar o tratamento. "O problema
é que, muitas vezes, há erros na
hora de dar a dose certa de penicilina", afirma Luíza Matida, da Vigilância Epidemiológica do Estado
e responsável pelo estudo.
Além de dar a dose correta de
penicilina, o tratamento não é eficaz se feito apenas no último mês
de gravidez. Mas, se feito corretamente, o tratamento é capaz de
garantir 100% de chances de a
doença não ser transmitida.
Como apenas a sífilis congênita
tem notificação obrigatória, o percentual de elevação da transmissão de mãe para filho não pode ser
comparado com o número total
de casos de sífilis no Brasil. Esse
número não é conhecido.
Há, no entanto, uma estimativa
feita pela OMS (Organização
Mundial da Saúde). Segundo o órgão da ONU, foram registrados na
América Latina e Caribe 1,3 milhão de novos casos de sífilis em
95. A ONU estima ainda -tomando por base a população- que o
Brasil seria responsável por 40%
desses casos. "Essa estimativa pode dar uma idéia de como ainda é
baixa a notificação de casos de sífilis congênita. Mas não podemos
calcular qual seria o número real
de casos", afirma Luíza.
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