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Assassinato de diretor abala grã-finada
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Imagine o bafafá que não deve
ter dado quando a grã-finada
descobriu que o diretor da Escola
Britânica de São Paulo foi encontrado morto com as mãos e os pés
amarrados, em seu apartamento
do Itaim Bibi.
Já vejo a cambada de hipócritas,
que se virou do avesso para conseguir uma vaga para o rebento naquela que é hoje a escola mais exclusiva de Sampa, tendo de explicar aos filhos o que é homossexualismo e responder a toda sorte de
pergunta incômoda.
Não fosse a magnitude da tragédia, eu cairia na risada só de visualizar o rubor nos rostos de peruas que, até antes de ontem,
quando o corpo do diretor foi encontrado, fingiam não saber que
os filhos eram educados por alguém que, parafraseando Oscar
Wilde, não ousava dizer o nome
de sua forma de amar.
Estudei na St. Paul"s School de
janeiro de 1963 a junho de 1975,
ou seja, uma vida inteira. Mas o
colégio em que eu vivi alguns dos
melhores anos da minha vida em
nada se assemelha à Escola Britânica de hoje.
Na minha época, o St. Paul"s era
frequentado, na base de quotas
por nacionalidade, por filhos de
executivos de multinacionais. A
quota maior, logicamente, cabia à
comunidade britânica.
Hoje, a escola foi invadida por
ricos e novos ricos tapuias que
querem ver os filhos ampliando o
vocabulário inglês para além das
fronteiras do "push e pull". Nada
mais justo, não fosse o fato de que
a escola passou a emitir comunicados informando, por exemplo,
que alunos do pré não podem
usar celular na classe. Queridíssimo pelos alunos, o diretor Casey
McCann sempre lutou para não
deixar que a escola se descaracterizasse.
No meu tempo não existia no St.
Paul"s um professor como aquele
que Robin Williams interpreta no
filme "Sociedade dos Poetas Mortos". Existiam vários: Mr. Mitchell, Mr. Maxwell, Mr. Downey,
Mr. Lawlor, Mr. Smith, Miss
McIlyre... a lista é longa.
Pois uma ex-colega e atual comadre, que hoje leciona na escola, jura que Mr. McCann era ainda mais iluminado. A despeito
disso, tempos atrás recebi o telefonema de uma perua interessada
em inscrever o filho na escola. Ela
ouvira dizer que o "headmaster"
era gay e receava que o pimpolho
pudesse ser influenciado.
Perguntei a ela se o seu cabeleireiro era gay. Sim. Então eu lhe
perguntei se alguma vez o "coiffeur" tinha despertado nela a
vontade de virar lésbica.
A filistéia entendeu a mensagem e se despediu de mim com o
rabinho entre as pernas.
QUALQUER NOTA
Surpresa
Um novo hotel e spa, o Sant'Anna, acaba de ser inaugurado perto
de Amparo, no interior de SP. Antiga fazenda de café com uma paisagem privilegiada, o hotel já nasce mostrando que é possível, sim,
promover o turismo de alto padrão no Brasil a preços razoáveis.
Filantropia pelo cano
Que me desculpe o cordão dos
puxa-sacos dos Moreira Salles cineastas, mas de gente bem-intencionada o inferno está cheio. E, se
eu me chamasse Barbara Moreira
Salles, em vez de ajudar foragidos
da Justiça, tentaria convencer
meus parentes banqueiros a abaixar os juros.
Eleitoreira
Alô, prefeito Pitta! Esse Fura-fila
de última hora não cola nem mesmo com superbonder.
E-mail barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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