São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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Assassinato de diretor abala grã-finada

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Imagine o bafafá que não deve ter dado quando a grã-finada descobriu que o diretor da Escola Britânica de São Paulo foi encontrado morto com as mãos e os pés amarrados, em seu apartamento do Itaim Bibi.
Já vejo a cambada de hipócritas, que se virou do avesso para conseguir uma vaga para o rebento naquela que é hoje a escola mais exclusiva de Sampa, tendo de explicar aos filhos o que é homossexualismo e responder a toda sorte de pergunta incômoda.
Não fosse a magnitude da tragédia, eu cairia na risada só de visualizar o rubor nos rostos de peruas que, até antes de ontem, quando o corpo do diretor foi encontrado, fingiam não saber que os filhos eram educados por alguém que, parafraseando Oscar Wilde, não ousava dizer o nome de sua forma de amar.
Estudei na St. Paul"s School de janeiro de 1963 a junho de 1975, ou seja, uma vida inteira. Mas o colégio em que eu vivi alguns dos melhores anos da minha vida em nada se assemelha à Escola Britânica de hoje.
Na minha época, o St. Paul"s era frequentado, na base de quotas por nacionalidade, por filhos de executivos de multinacionais. A quota maior, logicamente, cabia à comunidade britânica.
Hoje, a escola foi invadida por ricos e novos ricos tapuias que querem ver os filhos ampliando o vocabulário inglês para além das fronteiras do "push e pull". Nada mais justo, não fosse o fato de que a escola passou a emitir comunicados informando, por exemplo, que alunos do pré não podem usar celular na classe. Queridíssimo pelos alunos, o diretor Casey McCann sempre lutou para não deixar que a escola se descaracterizasse.
No meu tempo não existia no St. Paul"s um professor como aquele que Robin Williams interpreta no filme "Sociedade dos Poetas Mortos". Existiam vários: Mr. Mitchell, Mr. Maxwell, Mr. Downey, Mr. Lawlor, Mr. Smith, Miss McIlyre... a lista é longa.
Pois uma ex-colega e atual comadre, que hoje leciona na escola, jura que Mr. McCann era ainda mais iluminado. A despeito disso, tempos atrás recebi o telefonema de uma perua interessada em inscrever o filho na escola. Ela ouvira dizer que o "headmaster" era gay e receava que o pimpolho pudesse ser influenciado.
Perguntei a ela se o seu cabeleireiro era gay. Sim. Então eu lhe perguntei se alguma vez o "coiffeur" tinha despertado nela a vontade de virar lésbica.
A filistéia entendeu a mensagem e se despediu de mim com o rabinho entre as pernas.

QUALQUER NOTA

Surpresa
Um novo hotel e spa, o Sant'Anna, acaba de ser inaugurado perto de Amparo, no interior de SP. Antiga fazenda de café com uma paisagem privilegiada, o hotel já nasce mostrando que é possível, sim, promover o turismo de alto padrão no Brasil a preços razoáveis.

Filantropia pelo cano
Que me desculpe o cordão dos puxa-sacos dos Moreira Salles cineastas, mas de gente bem-intencionada o inferno está cheio. E, se eu me chamasse Barbara Moreira Salles, em vez de ajudar foragidos da Justiça, tentaria convencer meus parentes banqueiros a abaixar os juros.

Eleitoreira
Alô, prefeito Pitta! Esse Fura-fila de última hora não cola nem mesmo com superbonder.


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