São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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EDUCAÇÃO
País tem 26% de repetentes, segundo dados de relatório que compara 16 nações em desenvolvimento
Brasil é campeão em aluno repetente

Carlos Eduardo/Folha Imagem
A presidente do Inep, Maria helena Castro, e o ministro da Educação, Paulo Renato Souza


ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local

O Brasil é o campeão dos índices de repetência entre 16 países em desenvolvimento analisados pela OCDE e Unesco. De cada 100 estudantes matriculados nos cinco primeiros anos do ensino fundamental em 1997, 26 repetiram alguma série no Brasil. Apesar do número negativo, o índice de repetência tem caído.
O segundo colocado, o Paraguai, está bem abaixo disso: 8,4% repetiram em 1997 no mesmo segmento naquele país. Na Argentina, por exemplo, essa taxa é de 5,7% e na China é de apenas 1,2%. Os números não consideram todos os países em desenvolvimento do mundo. A comparação incluiu apenas os 16 países em desenvolvimento que aderiram aos programas de avaliação do estudo realizado.
Os dados constam do relatório feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), divulgado pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
Os dados são de 1997 e comparam os índices de 16 países em desenvolvimento e de 29 desenvolvidos. Comparado com 14 países em desenvolvimento onde foi possível obter dados de repetência, o Brasil é também o que tem mais repetência.
Para ser possível a comparação entre os países, a OCDE e a Unesco dividiram os níveis de ensino em primário (que vai da primeira à sexta série do ensino fundamental no Brasil) e secundário (sétima e oitava séries).
O índice de repetência do Brasil melhora um pouco entre alunos matriculados na sétima e oitava séries, onde 19,7% dos alunos repetiram em 1997. Apesar disso, o Brasil continua campeão em repetência nesse segmento, distante do Uruguai, onde a repetência é de 14,9%.
Para o MEC, esse problema diminuiu na década de 90. Dados do Inep mostram que a taxa de repetência em 1990 era de 34% e caiu para 23% em 1997 nos oito anos do ensino fundamental.
Apesar desse avanço, o consultor educacional e especialista em evasão e repetência João Batista Oliveira critica o pouco esforço de Estados e municípios em combater o problema.
"Poucos Estados ou municípios fizeram, até agora, programas integrados de combate à repetência e evasão", afirma Oliveira, que prestou serviços para o Instituto Ayrton Senna, Petrobras e para o governo de Minas Gerais, entre outros.
Oliveira também critica a maneira como tem sido executada na maioria dos Estados brasileiros a adoção do sistema de promoção automática. "Não existe fórmula mágica para acabar com a repetência. A qualidade na educação só é conseguida com mais recursos, autonomia nas escolas, avaliação e investimento em qualificação dos professores", diz.
Para o ministro Paulo RenatoSouza (Educação) o relatório é "bastante favorável", mostrando problemas já conhecidos e que foram apontados no relatório anterior.



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