São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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EDUCAÇÃO
Crianças nascidas em 97 têm expectativa de ter três anos a mais de estudo do que as nascidas em 90
Brasileiro fica mais tempo na escola

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

Uma criança brasileira que tenha começado a estudar em 97 deverá permanecer na escola por 14,8 anos -três anos a mais do que se iniciasse os estudos em 90.
O aumento da expectativa de permanência na escola dos alunos brasileiros é um dos aspectos mais positivos para o país apontado pelo relatório "Investindo em Educação/99", elaborado em conjunto pela Unesco e pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
O aumento registrado no Brasil foi o dobro do registrado nos países membros da OCDE, que tiveram um aumento médio de 1,5 anos. O levantamento leva em conta a permanência nos três níveis de ensino: fundamental, médio e superior.
Apesar da melhora em relação ao início da década, as crianças brasileiras ainda estudam menos tempo do que suas colegas da Argentina (15,4 anos) e Uruguai (14,9), países com perfil econômico semelhante ao do Brasil.
Em comparação aos 29 países da OCDE, o Brasil se sai melhor no quesito permanência na escola do que Grécia, República Tcheca e México. Mas, para chegar ao mesmo patamar de Austrália, Bélgica e Reino Unido, será preciso aumentar em até quatro anos e meio a média de permanência.
"Os dados mostram que estamos indo no caminho certo, mas ainda precisamos melhorar a qualidade do ensino para evitar que os alunos repitam o ano e abandonem a escola", disse o ministro Paulo Renato Souza (Educação). Embora o aumento no número de anos estudados seja uma boa notícia, parte do tempo gasto pelas crianças brasileiras na escola é "jogado fora" por causa das altas taxas de repetência.
Segundo o relatório da OCDE, os brasileiros passam em média 10,5 anos frequentando o ensino fundamental, que deveria durar apenas 8 anos.
"Claro que os anos repetidos são incluídos no cálculo do tempo de permanência na escola. Mas as taxas de reprovação vêm caindo ano a ano e o tempo de permanência na escola aumentou", disse Paulo Renato.
Apesar de as crianças brasileiras permanecerem na escola quase o mesmo tempo que jovens dos outros países da América Latina incluídos na pesquisa, há uma diferença grande nas chances de que ela chegue ao ensino superior.
Enquanto na Argentina a expectativa é que as crianças que começaram a estudar em 97 cursem pelo menos 2,4 anos de faculdade, no Brasil a expectativa é que estudem 0,7 anos. Para Maria Helena Guimarães, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), o Brasil vai pior neste item porque a repetência ainda é alta.


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