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EDUCAÇÃO
Crianças nascidas em 97 têm expectativa de ter três anos a mais de estudo do que as nascidas em 90
Brasileiro fica mais tempo na escola
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Uma criança brasileira que tenha começado a estudar em 97
deverá permanecer na escola por
14,8 anos -três anos a mais do
que se iniciasse os estudos em 90.
O aumento da expectativa de
permanência na escola dos alunos brasileiros é um dos aspectos
mais positivos para o país apontado pelo relatório "Investindo em
Educação/99", elaborado em conjunto pela Unesco e pela OCDE
(Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico).
O aumento registrado no Brasil
foi o dobro do registrado nos países membros da OCDE, que tiveram um aumento médio de 1,5
anos. O levantamento leva em
conta a permanência nos três níveis de ensino: fundamental, médio e superior.
Apesar da melhora em relação
ao início da década, as crianças
brasileiras ainda estudam menos
tempo do que suas colegas da Argentina (15,4 anos) e Uruguai
(14,9), países com perfil econômico semelhante ao do Brasil.
Em comparação aos 29 países
da OCDE, o Brasil se sai melhor
no quesito permanência na escola
do que Grécia, República Tcheca
e México. Mas, para chegar ao
mesmo patamar de Austrália,
Bélgica e Reino Unido, será preciso aumentar em até quatro anos e
meio a média de permanência.
"Os dados mostram que estamos indo no caminho certo, mas
ainda precisamos melhorar a
qualidade do ensino para evitar
que os alunos repitam o ano e
abandonem a escola", disse o ministro Paulo Renato Souza (Educação). Embora o aumento no
número de anos estudados seja
uma boa notícia, parte do tempo
gasto pelas crianças brasileiras na
escola é "jogado fora" por causa
das altas taxas de repetência.
Segundo o relatório da OCDE,
os brasileiros passam em média
10,5 anos frequentando o ensino
fundamental, que deveria durar
apenas 8 anos.
"Claro que os anos repetidos
são incluídos no cálculo do tempo
de permanência na escola. Mas as
taxas de reprovação vêm caindo
ano a ano e o tempo de permanência na escola aumentou", disse Paulo Renato.
Apesar de as crianças brasileiras
permanecerem na escola quase o
mesmo tempo que jovens dos outros países da América Latina incluídos na pesquisa, há uma diferença grande nas chances de que
ela chegue ao ensino superior.
Enquanto na Argentina a expectativa é que as crianças que começaram a estudar em 97 cursem
pelo menos 2,4 anos de faculdade,
no Brasil a expectativa é que estudem 0,7 anos. Para Maria Helena
Guimarães, presidente do Inep
(Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais), o Brasil
vai pior neste item porque a repetência ainda é alta.
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