São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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RECUPERAÇÃO
Estudante de supletivo se arrepende por ter largado a escola
Alunos defasados tiveram que deixar estudo para rabalhar

ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local

Aos 24 anos, o estudante Wagner Oliveira acabou de entrar na faculdade na idade em que deveria concluí-la, se não fosse pela repetência.
A necessidade de trabalhar foi, segundo ele, o principal motivo que o levou a repetir de ano ou mesmo abandonar a escola.
Na 4ª série do ensino fundamental -a primeira vez que repetiu-, sua rotina estava longe do que é indicado para uma criança com 11 anos. Estudava das 7h às 11h e ia direto para uma metalúrgica, onde trabalhava até as 21h. "Precisava ajudar em casa", diz.
Essa mesma frase é usada quando ele cita outras ocasiões em que parou de estudar.
Paulo Eleodoro, 21, está recorrendo ao curso supletivo para terminar o ensino médio. Foram cinco anos parados na sétima série. Na primeira vez, repetiu por excesso de faltas, por motivo de saúde. Nas outras, estava trabalhando e não conseguia conciliar as duas coisas.
"Hoje procuro emprego e sei o quanto esse tempo perdido está me fazendo falta", afirma.
Sua colega de classe no supletivo Elizabete Oliveira, 34, também se arrepende de ter desistido da escola, aos 22 anos, na 7ª série. "A gente deixa o estudo para trabalhar e tem de voltar porque ficou desempregada."
A exigência do mercado por profissionais mais qualificados é confirmada por Agnaldo Silva, 42. Operador de máquinas, ele afirma que a volta aos bancos escolares foi incentivada há um ano pelo chefe.
"Quando vi que a maioria dos meus colegas tinha o ensino médio e eu não, senti como se tivesse parado no tempo."


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