São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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DESPREPARO
Aterro de escola municipal teria deslizado sobre barracos; prefeitura nega, mas diz que vai apurar
Morador culpa obra por deslizamento

MARCELO OLIVEIRA
ALESSANDRO SILVA

da Reportagem Local

Os moradores do morro da Lua, no Campo Limpo (zona sul de SP), culparam ontem a prefeitura pelo deslizamento de terra na tarde de anteontem. Segundo os moradores, o deslizamento ocorreu com terra de uma obra da prefeitura, no topo do morro.
Com a confirmação ontem da morte do bebê Robson William de Oliveira Santos, de dois meses, também vítima do desabamento em Campo Limpo, subiu para 13 o número de vítimas da chuva de anteontem -12 em Campo Limpo e 1 no Parque do Lago, próximo à represa Guarapiranga.
A confirmação da 13ª morte elevou para 41 o número de vítimas fatais da chuva este ano em todo o Estado de São Paulo.
No topo da encosta que deslizou, a Prefeitura de São Paulo está construindo a escola Jardim Ingá.
Segundo moradores, a prefeitura fez um aterro no local para a construção de salas de aula emergenciais. Eles afirmam que a terra do aterro sob a escola deslizou, soterrando dez barracos.
Além das 12 pessoas que morreram em Campo Limpo, 3 ficaram feridas, entre elas 2 crianças que estão internadas no Hospital das Clínicas.
"A escola está sendo construída sobre um aterro", disse o metalúrgico desempregado Antonio de Jesus Souza, 46, morador do local. Parentes de vítimas e outros moradores têm a mesma opinião.
Segundo o secretário de Serviços e Obras, João Octaviano Machado Neto, a prefeitura irá investigar se a obra provocou, de alguma forma, o deslizamento.
Segundo a prefeitura, o deslizamento foi causado por retirada de terra e desmatamento feitos pelos próprios moradores.
Apesar de a Secretaria de Serviços e Obras afirmar que a escola está em um terreno firme, a Secretaria da Educação cancelou as aulas de ontem e de hoje, sob a alegação de que está sendo construída uma nova entrada da escola.
O administrador regional do Campo Limpo, Antonio Carlos Ganem, 44, disse que fiscais da prefeitura interditaram 171 barracos ao redor do morro da Lua em agosto do ano passado. Apesar do risco, segundo afirmou, a determinação não foi cumprida.
A área onde houve o desabamento pertence à Eletropaulo, que ontem divulgou nota oficial informando que, antes da tragédia, orientou os moradores a deixar o lugar. Já houve até uma tentativa de reintegração de posse.
Cerca de 20 famílias que moram perto do local que cedeu seriam transferidas ontem à noite para um campo de futebol na região. Elas serão abrigadas em barracas fornecidas pela Defesa Civil. A regional do Campo Limpo tem outras 40 áreas de risco catalogadas.



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