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DESPREPARO
Aterro de escola municipal teria deslizado sobre barracos; prefeitura nega, mas diz que vai apurar
Morador culpa obra por deslizamento
MARCELO OLIVEIRA
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
Os moradores do morro da Lua,
no Campo Limpo (zona sul de
SP), culparam ontem a prefeitura
pelo deslizamento de terra na tarde de anteontem. Segundo os moradores, o deslizamento ocorreu
com terra de uma obra da prefeitura, no topo do morro.
Com a confirmação ontem da
morte do bebê Robson William
de Oliveira Santos, de dois meses,
também vítima do desabamento
em Campo Limpo, subiu para 13
o número de vítimas da chuva de
anteontem -12 em Campo Limpo e 1 no Parque do Lago, próximo à represa Guarapiranga.
A confirmação da 13ª morte elevou para 41 o número de vítimas
fatais da chuva este ano em todo o
Estado de São Paulo.
No topo da encosta que deslizou, a Prefeitura de São Paulo está
construindo a escola Jardim Ingá.
Segundo moradores, a prefeitura fez um aterro no local para a
construção de salas de aula emergenciais. Eles afirmam que a terra
do aterro sob a escola deslizou,
soterrando dez barracos.
Além das 12 pessoas que morreram em Campo Limpo, 3 ficaram
feridas, entre elas 2 crianças que
estão internadas no Hospital das
Clínicas.
"A escola está sendo construída
sobre um aterro", disse o metalúrgico desempregado Antonio
de Jesus Souza, 46, morador do
local. Parentes de vítimas e outros
moradores têm a mesma opinião.
Segundo o secretário de Serviços e Obras, João Octaviano Machado Neto, a prefeitura irá investigar se a obra provocou, de alguma forma, o deslizamento.
Segundo a prefeitura, o deslizamento foi causado por retirada de
terra e desmatamento feitos pelos
próprios moradores.
Apesar de a Secretaria de Serviços e Obras afirmar que a escola
está em um terreno firme, a Secretaria da Educação cancelou as aulas de ontem e de hoje, sob a alegação de que está sendo construída uma nova entrada da escola.
O administrador regional do
Campo Limpo, Antonio Carlos
Ganem, 44, disse que fiscais da
prefeitura interditaram 171 barracos ao redor do morro da Lua em
agosto do ano passado. Apesar do
risco, segundo afirmou, a determinação não foi cumprida.
A área onde houve o desabamento pertence à Eletropaulo,
que ontem divulgou nota oficial
informando que, antes da tragédia, orientou os moradores a deixar o lugar. Já houve até uma tentativa de reintegração de posse.
Cerca de 20 famílias que moram
perto do local que cedeu seriam
transferidas ontem à noite para
um campo de futebol na região.
Elas serão abrigadas em barracas
fornecidas pela Defesa Civil. A regional do Campo Limpo tem outras 40 áreas de risco catalogadas.
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