São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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Dez fiscais cuidam de 341 áreas de risco

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

A Administração Regional do Campo Limpo, que responde sozinha por 35,8% de todas as áreas de risco de São Paulo, tem apenas dez fiscais para combater ocupações irregulares e retirar famílias de pontos sujeitos a desabamentos e inundações.
Anteontem, 12 pessoas morreram soterradas na favela do Morro da Lua, em uma das 341 áreas de risco do Campo Limpo.
Os dez fiscais acumulam funções e também são responsáveis pelo acompanhamento de todos os serviços da região, como combate ao comércio ambulante e fiscalização de obras.
O Campo Limpo tem 1,2 milhão de habitantes, cerca de 61 favelas e uma área de 101,3 km2 (equivalente a 63 parques do Ibirapuera).
"Já solicitei mais fiscais e o número atual deverá dobrar. O número é modesto para a região, mas durante o período de chuvas a fiscalização das áreas de risco é prioritária", disse o administrador regional do Campo Limpo, Antonio Carlos Ganem.
O déficit de fiscais vem comprometendo a prevenção de acidentes em toda a cidade. As 27 regionais trabalham hoje com 395 fiscais, um déficit de 41% no quadro de funcionários.
Segundo a SAR (Secretaria das Administrações Regionais), as regionais deveriam ter um efetivo mínimo de 669 fiscais.
A situação das regionais foi agravada pelo escândalo da máfia da propina, uma rede de corrupção instalada nas administrações regionais da cidade.
Desde que denúncias de corrupção atingiram fiscais das regionais no fim de 98, mais de 27 agentes foram afastados por suspeita de envolvimento nas irregularidades e cerca de 50 pediram aposentadoria.
A diferença não foi reposta até hoje, apesar das promessas da Prefeitura de São Paulo de ampliar o número de fiscais.
Em setembro do ano passado, a prefeitura prometeu lançar uma licitação para reforçar o efetivo das regionais com mais 350 fiscais.
A prefeitura havia garantido que os funcionários começariam a trabalhar até o final de novembro de 99, antes do início do período das chuvas.
O secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo, Antenor Braido, afirmou que a licitação para a contratação de mais fiscais está atrasada por causa na necessidade de "estudos técnicos e análise jurídica para o lançamento do edital".
Braido afirmou que o déficit de fiscais não comprometeu a prevenção de acidentes nas áreas de risco. Segundo ele, mais de mil fiscais de diversas secretarias atuaram na fiscalização dos pontos críticos.
O secretário também afirmou que 11.120 pessoas foram retiradas de áreas de risco pela prefeitura dentro do Procav (Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Vias e Recuperação Ambiental e Social de Fundos de Vales) e outras 30 mil pessoas foram beneficiadas com a urbanização de favelas desde 97.


Colaborou Alessandro Silva, da Reportagem Local

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