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Dez fiscais cuidam de 341 áreas de risco
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
A Administração Regional do
Campo Limpo, que responde sozinha por 35,8% de todas as áreas
de risco de São Paulo, tem apenas
dez fiscais para combater ocupações irregulares e retirar famílias
de pontos sujeitos a desabamentos e inundações.
Anteontem, 12 pessoas morreram soterradas na favela do Morro da Lua, em uma das 341 áreas
de risco do Campo Limpo.
Os dez fiscais acumulam funções e também são responsáveis
pelo acompanhamento de todos
os serviços da região, como combate ao comércio ambulante e fiscalização de obras.
O Campo Limpo tem 1,2 milhão
de habitantes, cerca de 61 favelas e
uma área de 101,3 km2 (equivalente a 63 parques do Ibirapuera).
"Já solicitei mais fiscais e o número atual deverá dobrar. O número é modesto para a região,
mas durante o período de chuvas
a fiscalização das áreas de risco é
prioritária", disse o administrador regional do Campo Limpo,
Antonio Carlos Ganem.
O déficit de fiscais vem comprometendo a prevenção de acidentes em toda a cidade. As 27 regionais trabalham hoje com 395 fiscais, um déficit de 41% no quadro
de funcionários.
Segundo a SAR (Secretaria das
Administrações Regionais), as regionais deveriam ter um efetivo
mínimo de 669 fiscais.
A situação das regionais foi
agravada pelo escândalo da máfia
da propina, uma rede de corrupção instalada nas administrações
regionais da cidade.
Desde que denúncias de corrupção atingiram fiscais das regionais no fim de 98, mais de 27
agentes foram afastados por suspeita de envolvimento nas irregularidades e cerca de 50 pediram
aposentadoria.
A diferença não foi reposta até
hoje, apesar das promessas da
Prefeitura de São Paulo de ampliar o número de fiscais.
Em setembro do ano passado, a
prefeitura prometeu lançar uma
licitação para reforçar o efetivo
das regionais com mais 350 fiscais.
A prefeitura havia garantido
que os funcionários começariam
a trabalhar até o final de novembro de 99, antes do início do período das chuvas.
O secretário de Comunicação
da Prefeitura de São Paulo, Antenor Braido, afirmou que a licitação para a contratação de mais
fiscais está atrasada por causa na
necessidade de "estudos técnicos
e análise jurídica para o lançamento do edital".
Braido afirmou que o déficit de
fiscais não comprometeu a prevenção de acidentes nas áreas de
risco. Segundo ele, mais de mil fiscais de diversas secretarias atuaram na fiscalização dos pontos
críticos.
O secretário também afirmou
que 11.120 pessoas foram retiradas de áreas de risco pela prefeitura dentro do Procav (Programa
de Canalização de Córregos, Implantação de Vias e Recuperação
Ambiental e Social de Fundos de
Vales) e outras 30 mil pessoas foram beneficiadas com a urbanização de favelas desde 97.
Colaborou Alessandro Silva, da Reportagem Local
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