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Governadora diz que direitos humanos são só para os "homens livres"; ao deixar Bangu 1, Beira-Mar ameaçou manter atentados
Rosinha defende linha dura para presos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A governadora do Rio, Rosinha
Matheus (PSB), disse ontem que
"direitos humanos é para quem
está aqui fora [da cadeia"", numa
reação a ameaça, supostamente
feita por traficantes, de que a onda
de violência no Rio continuará se
os direitos dos presos de Bangu 1
não forem respeitados.
"O que são direitos humanos?
Direitos humanos são para quem
está aqui fora [da cadeia", livre,
que não cometeu nenhum ato ilícito. Esse direito tem de ser preservado para a população de
bem", disse.
Foi uma resposta da governadora à faixa colocada numa passarela da avenida Brasil, na zona norte
do Rio, que trazia a seguinte mensagem: "Direitos humanos para
Bangu 1, senão a guerra da violência vai continuar".
Logo depois, Rosinha amenizou
sua declaração inicial. Disse que
"a eles [bandidos] cabem os direitos humanos enquanto respeito à
pessoa. Mas eles praticaram atos
ilícitos e têm de pagar por isso".
Desde o início da onda de violência, supostamente coordenada
por presos do complexo de Bangu, os detentos perderam benefícios como visitas e banho de sol.
"Estamos arrochando"
Apesar de terem sido apreendidos 113 celulares e um microcomputador anteontem nas prisões de
Bangu, Rosinha disse que a direção do presídio "tem dado a resposta". "Agora nós estamos arrochando mais, para garantir que
eles [os detentos] estejam incomunicáveis", afirmou.
Questionada se o governo do
Rio poderia fazer acordo com o
tráfico para reduzir a violência,
Rosinha respondeu: "Eu não falo
com bandido. Bandido tem de estar preso. Eu não vou conversar
nem negociar com bandido".
Foi uma referência a uma frase
que, segundo jornais do Rio, Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, teria dito ao ser
transferido: "A governadora não
precisava fazer isso [o transferir],
era só conversar para negociar".
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, esteve ontem no Rio
e disse que o traficante não retornará a cidade. "Esse problema será equacionado. Temos solução
para o Rio, mas temos de evidentemente ter reservas [verbas]. Vamos construir presídios federais",
disse o assessor presidencial.
A mesmo tempo em que a governadora Rosinha endurecia seu
discurso contra os criminosos, a
Secretaria Estadual de Segurança
Pública do Rio divulgava informação que revela a ousadia de
Beira-Mar no enfrentamento com
as autoridades públicas.
A secretaria confirmou que, ao
deixar o Rio, na madrugada de
quinta-feira, o traficante disse que
quatro chefes do Comando Vermelho (maior organização criminosa ligada ao tráfico de drogas e
armas no Rio) presos em Bangu 1
dariam sequência às ações violentas iniciadas na região metropolitana do Rio na segunda-feira.
Um funcionário do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) que acompanhou a saída
de Beira-Mar da capital fluminense confirmou que o criminoso citou os nomes de Marco Antônio
da Silva Tavares, o Marquinhos
Niterói, Márcio Nepomuceno, o
Marcinho VP, Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel, e Marcus Vinícius da Silva, o Lambari.
Segundo esse funcionário, que
pediu para não ser identificado,
policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) que
escoltaram Beira-Mar até o avião
da Aeronáutica que o levou a São
Paulo ouviram dele a afirmação
de que sua transferência não resolveria nada e que ele continuaria "tocando o terror no Rio".
As ameaças feitas pelo traficante confirmam, segundo a polícia, que a ordem para os atentados partiu de dentro do complexo penitenciário de Bangu.
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