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Para OAB, endurecimento é "marketing"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o presidente nacional da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), Rubens Approbato Machado, a governadora do Rio, Rosinha Matheus, deveria pelo menos ter lido a Constituição antes
de ter dado uma declaração sobre
direitos humanos e criminosos.
"É puro marketing para desfiar a
atenção de suas próprias responsabilidades", definiu.
Segundo ele, é muito comum
autoridades usarem frases de impacto em momentos de crise para
tentar agradar a população.
"Querem dar a impressão que
estão do lado do povo. Mas eles
estariam realmente do lado do
povo se não tivessem deixado a
coisa chegar a esse ponto", afirmou o presidente da OAB.
As últimas declarações, segundo Approbato, fazem o Estado
parecer um delinquente. "Essas
afirmações são uma confissão pública de que eles não têm condições de resolver o problema que
ajudaram a criar", disse.
As últimas declarações de autoridades do Rio também provocaram surpresa no presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
ministro Marco Aurélio de Mello.
Para ele, a falha na política de segurança não justifica a pregação
da barbárie por parte do Estado.
"Até mesmo os presos acusados
ou condenados, por mais grave
que seja o crime que tenham cometido, gozam de garantia constitucional referente à preservação
da integridade física e moral",
afirmou o ministro ontem.
Mello lembrou que, em nome
de "certos valores", já foram praticadas muitas atrocidades. "Possível falha do sistema não é suficiente para autorizar a barbárie.
Que o Estado recupere o tempo
perdido sem merecer sentar-se no
banco dos réus", afirmou.
Marcelo Freixo, pesquisador no
Rio da ONG Centro de Justiça
Global, classifica as últimas declarações das autoridades do Rio como "eleitoreiras" e de um "oportunismo barato". "Eles deveriam
combater o inimigo número um
dos direitos humanos: a corrupção. E onde estão as propostas
nesse sentido?", questionou.
Para Vitória Grabois, da ONG
Tortura Nunca Mais, "lugar de
bandido é na cadeia, mas em condições dignas".
Colaborou a Sucursal do Rio
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